quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Lingerie

Ligaste para dizer que precisas de falar comigo. Eu aceito vamos lá falar.
São 5 da tarde, combinamos na Brasileira. Cheguei mas cedo é uma técnica que uso há anos. Chegar cedo evita ter de ser eu a primeira a cumprimentar. Vesti-me à matar, aquele matar devagarinho. Vais ficar na dúvida se vesti-me para ti ou se nem por isso.
Coloquei o perfume, aquele que tu gostas tanto, estás lixado. Sim eu vim preparada para te castigar. O brilho que coloquei nos meus lábios pede um beijo e os meus olhos desenhados a lápis preto, prontos para te seduzir.
Estou feita uma leoa, mas trago as garras disfarçadas.

Já lá está. Chegou mais cedo, não percebo, não é suposto as mulheres atrasarem-se. Mas ela chega sempre mais cedo. E agora dou-lhe dois beijos ou só um. Seja o que Deus quiser. Caramba que bonita está. Veio assim para me lixar ou não, ela sempre foi feminina no vestir. Meu Deus e os seus lábios, e aquele olhar, estou feito. Estou mesmo feito. Não faz mal, respira fundo, respira fundo mas não deixes que ela repare. De tonta não tem nada.

- Olá.
- Olá.

Safado vens com essa barba por fazer, vais marcar a minha face quando me beijares. Será que ainda usas o mesmo perfume. Claro que sim que ideia a minha pensar que mudaste assim tanto num mês. E trazes a camisola que te ofereci. Podias ao menos disfarçar, vieste assim para me agradar. Estou quase a rir. Mas não posso, se me riu vais perceber que já te perdoei.

- Então, que me queres dizer?
- Eu queria falar contigo, saber como estas.
- Eu estou óptima, não vês.
- Sim eu vejo que estas. Tenho saudades tuas.
- É natural que tenhas. Era isso que me querias dizer?
- Era.
- Eu não tenho saudades tuas. Se era só isso que me tinhas para dizer, está dito. Tens livros e cd’s em minha casa, são teus não os quero lá.
- Passo hoje por lá, às 22, pode ser?
- Pode. Até logo.

Estou a sentir o seu olhar enquanto dirijo me para o Chiado. Eu sei que tens saudades, eu também tenho, mas isso só vais saber mais logo. Adorei ver-te agonizar só com a ideia de que estou mesmo decidida a não estar contigo.

Lá vai ela, logo nem que me ponha de joelhos, mas ela vai voltar para mim. Ai vai, já não aguento mais, até ando a dormir mal. Nem que me ponha de joelhos, mas vamos voltar.

A última palavra vai ser a minha, sim vamos voltar, fomos feitos um para o outro. Afinal qual é o casal que não tem problemas. Dizem que fazer as pazes é a melhor coisa. Logo veremos.

Entro numa loja de lingerie, hoje vai ser mesmo à matar.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Os meus homens.

Gosto, gosto mesmo muito deles. As vezes ponho-me apreciá-los. A espiar os seus tiques, manias, birras. São de todos os tamanhos e feitios. São feios, lindos, altos, baixos, gordos, magros, assim asssim. Mas são homens e só por isso deixam-me intrigada. Por serem diferentes. São diferentes das mulheres e disso não há a menor dúvida, não são nem melhores nem piores. São homens.
Vejo-os como seres mágicos, há algo neles que me faz ficar especada por dentro. A minha alma pára, olha, assimila e segue em frente.
Gosto quando são sensíveis, quando são meigos, quando estão tristes, quando estão felizes, quando dormem, quando andam, quando choram, quando dançam.
É claro que não são perfeitos, nada é. A perfeição é um conjunto de situações que se unem num certo momento. Aí sim, eles conseguem ser perfeitos.
E quando se aprumam, quando querem dar o seu melhor, quando se esforçam por agradar deixam-me sem ar.
Quando são corajosos, altruístas, humildes, deixam-me de lágrimas nós olhos, comovem-me.
O facto de serem como são, conseguem sempre surpreender-me. É claro que há homens maus, mas desses não quero falar, para quê gastar o meu tempo com covardes.
Os Homens são extraordinários, magníficos, maravilhosos. São homens e por existirem fazem o meu mundo de mulher ser mais especial…mais mesmo!

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

As montanhas de silicone

- Acredita em mim, eu já os vi juntos mais que uma vez. Não chores ou melhor chora. Deita tudo cá para fora.
- Mas porquê? Viste a gaja toda vermelha. Deve ter sido cá uma coisa. Mas porquê? Logo ela.
- Oh eu sei lá porquê! É a vida Ana, é a vida.
- Eu fiz tudo por ele.
- Talvez não o suficiente.
- Que queres dizer?
- Sei lá. Quem sou eu para te dizer seja o que for. Talvez pensasses que ele era perfeito. Ele nunca foi, nem será perfeito. Nem tu, nem eu.
- Filosofia! Tens sempre essas frases para dizer.
- Estou a melhorar, olha a minha veia de psicoterapeuta. Ana, já chega, anda para frente, para o lado, para onde tu quiseres, mas sai desta casa de banho que há mais pessoal que precisa dela.
- Porquê, mas porquê eu.
- Porque és linda, inteligente, forte e tu mais que ninguém consegues ultrapassar isto. Deixa-me limpar a tua cara. Credo, estás mesmo feia, não gosto quando choras maquilhada.
- Achas que foram para a cama mais vezes?
- Não sei.
- Sabes sim. Tu sabes, tu topas essas cenas á milhas.
- Bem cama, cama não sei, mas no outro dia saíram da garagem juntos.
- Aquela filha da p…
- E ele é o que?
- Ele é …ele vai ter das boas. Vou sair daqui, direitinha aquele nariz e partir-lho.
- Eu se fosse a ti não fazia isso.
- Tens razão, uma joelhada no abono é mais justo.
- Olha e vais descalça?

Ana sai disparada em direcção ao João, dá-lhe uma joelhada e na volta atira-se a Barbara e aperta-lhe as mamas de silicone.
- Seus c… de m…, agora vão f… para o inferno. Anda uma mulher a tentar ser uma senhora. E estes c…de m…, a darem me cabo da vida.
- Ana tem calma. Vamos embora.
- Deixa-me Sara, deixa-me que eu vou-me a eles.
- Amiga vamos, já fizeste escândalo suficiente.
- Fiz, não fiz, e eu sou uma senhora.
- Pois és, se bem que uma senhora também perde a cabeça e neste caso tens razão.

Arrastei-a para fora do restaurante. E fiz sinal para nós deixarem sós.
- Eu apertei as mamas dela.
- Eu sei, que cena marada.
- Sempre me fizeram confusão, sempre apontadas para o céu.
- Estás melhor?
- Sim bem melhor.
- Calça-te. Ganda maluca apertaste as mamas dela, de onde foste buscar essa.
- Não sei, mas parece-me que ninguém vai esquecer esta festa.
- Ai não vão mesmo. Foi o vosso aniversário de casamento mais divertido. Desculpa!
- Não te desculpes, eu achei o máximo e amanhã atiro com as roupas dele pela janela. Queres ir tomar chá para assistires.
- Amiga, não perco essa.
- Obrigada.
- Sempre as ordens.

Ficamos sentadas a ver o pôr-do-sol no guincho. A Ana soltava um suspiro de vez enquando. Parecia calma e quase que ia jurar que aliviada.
- É a vida Ana, é a vida.
- Filosofia! Tens sempre essas frases para dizer.
- É a vida.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Rebuçado de morango

As nossas escolhas são como os rebuçados de vários sabores. Se metes mais que um na boca obténs uma mescla, podes acabar por obter uma mescla boa ou então mer.. . Se escolhes comer um de cada vez, os sabores vão variando uns mais doces, outros mais amargos.
As escolhas são assim doces e amargas.
Eu admiro as pessoas que admitem e levam a cabo e se aguentam a bronca nas suas escolhas. Eu escolhi ser assim, posso demorar a escolher, mas depois de decidir saiam da frente, seja elo sim ou pelo não.
Com o passar dos anos aprendi a não adiar, quem adia só perde. A sério! Adiar o fim, só adia o princípio. E custa-me quando olho para trás e percebo que o fiz algumas vezes, e ainda assim contam, contam o suficiente para ter medo e não demorar a escolher.
Falo de relações, de trabalhos, de palavras, de tardes, de noites, de sonhos, de momentos que adiei, por não me decidir a escolher e quando o fiz ou seja se me decidi pelo sim, já não teve aquele gosto, porque enfim, a angústia da indecisão tirou a graça a coisa.
Se escolho o não, decido que vou ter de viver com essa decisão. Escolher o não é lixado. O sim pelo menos, podemos arrependermo-nos porque fizemos, aproveitamos, estragamos, rasgamos, e por ai fora. O não, é o ficar naquela poderia ter feito e não fiz, portanto a dúvida acaba por reinar. Um reinado curto na minha vida, isto porque há alguns anos atrás alguém me disse, “quando algo me pressiona, livro-me logo do que me esta a pressionar seja o que for é que nem dou tempo para deixar que isso me mine, se me pressiona é porque me está a fazer mal”. Assim é a dúvida em mim, não dura muito, paro por uns minutos avalio e escolho. Ou vai ou racha, seja o que Deus quiser e todos os santos.
Mas há aquelas situações em que a escolha é danada, sabemos que vamos nós arrepender logo, mas a tentação não nós deixa pensar e saltamos literalmente para o colo, para a cama, para a mesa, enfim somos humanos. E depois desses momentos esfregamos uma mão na outra e dizemos para dentro “que se lixe, já esta”. Errar é humano e o querer também.
As escolhas que fazemos na vida são o resultado da ginástica que fazemos entre o queremos, o que os outros esperam de nós e a nossa consciência. Eu fico-me primeiro pela minha consciência, depois pelo que quero e por fim pelo que os outros esperam de mim.
É claro que não é assim tão fácil de gerir, mas é uma das vantagens de andar por cá já alguns anos, saber que independentemente das minhas escolhas, na hora de dormir é bom que não me pese a consciência. É bom que reveja o meu dia e acredite mesmo que dei o meu melhor. O meu melhor para ser e fazer feliz.

Escolhi um rebuçado de morango. E tu?

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Meu melhor amigo meu amor!

És meu amigo, meu conselheiro, meu companheiro das traquinices, das noitadas. Safávamos sempre um ao outro quando necessário. Chegamos a mentir, para salvaguardar a imagem do outro. Cúmplices em tudo.
Chorei muitas vezes no teu ombro, por outros me terem partido o coração. Rimos tantas vezes, vezes sem conta. Até me doerem as bochechas e tu me chamares de palhaça. Sou sim uma palhaça, que sempre teve o prazer de te ter na plateia.
Somos tão amigos que já partilhamos a mesma cama, a mesma mesa, até a tua roupa. A minha era demasiado feminina dizias tu. E isto tudo sem pensar que podíamos ser mais. Somos tão amigos, que não tenho vergonha de ser como sou quando estou contigo. Somos tão amigos que a tua dor é a minha, a tua alegria é a minha. Tão amigos que se te vejo doente também fico, que se te armas em louco e corajoso, eu fico ao teu lado.
Tão amigos que guardamos aquelas confidências, que não fazemos a mais ninguém.
Tão amigos que os silêncios, as lágrimas, os sorrisos falam.
As vezes lembro-me dos teus abraços, sinto-me muito segura. Lembro-me também das vezes que me desfizeste o penteado, estando eu pronta para sair, por capricho, para me arreliares, zangava-me gritava, mas no fim beijava-te na face e gritava “ wish me luck”.
Quantas vezes te disse, sinto-me mesmo bem ao pé de ti. E hoje, aqui, a poucos minutos de te casares, perguntas-me se erraste.
E eu digo-te, tu nunca erraste, a vida assim não quis. Há amizades perfeitas, mas os amores, esses são difíceis de serem perfeitos.
Perguntas-me se nunca existiu desejo, claro que sim, muitas vezes quanto de via, com as tuas namoradas, imaginava-me sendo eu a estar ali de mão dada contigo. Mas depois pensava, que bom era te ter como amigo, és demasiado precioso para mim. Elas foram mais eu fiquei, eles foram mas tu ficaste. Aos amigos perdoamos os defeitos, as pancadas, os caprichos. Aos amores perdoamos enquanto duram. E eu quero ficar para sempre contigo. Escolho a nossa amizade, escolho poder olhar para ti sem ressentimento, sem dor. Quero ver-te feliz, mas a tua felicidade não passa por mim, eu sou uma parte a parte que terás sempre como certa. E eu quero pensar que tu também és assim, que serás sempre certo na minha vida.
- E ela? Ela será a tua mulher, a tua companheira a tua confidente, o teu amor. E eu serei, o melhor que posso ser, a tua amiga. A ela amas de corpo e coração, a mim de vida e alma.
Há amizades que são maiores que muitos amores e a nossa hoje é maior que isto tudo. Repete comigo: “Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amigos para sempre!”
Estás lindo, agora vai e sê feliz.

Dedicado aquelas amizades que tocam o amor verdadeiro.

sábado, 13 de outubro de 2007

HOMENS ASSIM SIM!

Tenho ouvido muitas queixas dos meus amigos homens, acerca das mulheres que não os largam. Que andam doidas por eles. Querem curtir, querem a tal “one night stand”, namorar, juntarem-se e pior até casar com eles.
Andam apavorados os meus amigos e não é que não gostem de mulheres não nada disso, simplesmente dizem que são tantas que já começa a ser difícil dar conta de alguns recados.
Estão-me sempre a importunar com este assunto, que resolvi dar-lhes uns conselhos de como afastá-las do caminho.

Ora, assim sendo para quem precise do mesmo remédio cá vai:

Não devem levar-nos á jantar, abrirem a porta do carro, puxar a cadeira para nós nos sentarmos, pedirem por nós e dizerem que estamos lindas. Não, não, não. É algo mesmo a evitar. 75% de nós mulheres é a favor de cavalheirismo nos momentos certos. Logo nada disso.

Devem evitar a todo custo terem bom hálito. Saber a pastilha de mentol, morango ou outro. Um beijo destes saborosos bem articulado, pode vos custar um estado civil. Entenderam bem.

Quando estamos tristes e em baixo, não nos dêem colo, não, não. Não nos recordem o quanto somos maravilhosas e importantes nas vossas vidas. Pois se o fizerem e mais se for mesmo verdade, para além de nós, até a nossa mãe andará atrás de vocês.


Não devem depilar-se, a sério. 90% de nós gosta muito, de peitos depilados ou no mínimo o mais curto possível em todos os sítios possíveis. Portanto nada de depilação.
Nem cuidados de higiene como o belo do banho sempre em dia, as unhas bem cuidadas e os pêlos do nariz aparados. Não usem desodorizante e não passem hidratante no rosto e no corpo isso, meus caros leva-nos ao delírio. Só nos apetece esfregarmo-nos todas em vocês.


Não deixem de ir ao futebol por nossa causa. Quem diz futebol, diz tudo o que vocês apregoam como sendo de extrema importância para o vosso ego masculino. Somos capazes de dar pulos de alegria, por nos terem escolhido em detrimento de uma noite bem passada num estádio qualquer seguido de umas cervejas. Como agradecimento queremos passar ao resto do tempo agarradas a vocês a realizar todos os vossos desejos. Agarradas como lapas, sim mesmo lapas.

Pelo amor da santa não pratiquem desporto. 65% das mulheres jura de pés juntos que não resiste a uma sessão de sexo louco quando se trata de um corpo habituado aos alteres, tapete, bicicleta, futebol, basket, piscina. Qualquer uma destas actividades é um verdadeiro chamariz de gajas. Mantenham-se longe!


Se com aplicação de pelo menos 3 destas regras, não conseguirem um pouco de paz. Experimentem não oferecer flores ou bombons, mas tarde ou mais cedo ela troca-vos pelo carteiro.



Nota: Resultado das estáticas foi conseguido, através dos encontros de fofoquices, com as vizinhas, amigas e especialmente com estranhas que, desabafam em casas de banho públicas.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

A OUTRA II - Passou-se!?

- Que estás aqui a fazer?
- Vim falar contigo.
- Agora não dá.
- Agora dá, vai ter que dar.
- Mas amor!
- Mas amor porra nenhuma! Porquê esse ar de espanto. A pois, desculpa uma senhora não diz porra. Pelo menos não dizia.
- Disseste que estava tudo terminado, foste tu que decidiste. E agora porque estás assim?
- Porquê? Porquê? Porque não me largas, porque não me deixas. Estás colado a mim, na minha pele, na minha memória. Agarras-me como se o ontem fosse o hoje. Ainda não percebeste que já acabou. Ao fim deste tempo, depois de tantos momentos sem ti, percebo que ainda não percebeste. Eu já não te pertenço. Amei-te de forma diferente. Respirava-te, acariciava-te, mimava-te como a ninguém. Dei de mim e quis dar mais do que é humanamente possível. Os teus defeitos, a tua ignorância, a tua arrogância eram perdoáveis. E eu que não perdoo. Descobri que não me perdoo, por ter te dado a mim. A mim. Sai de mim. Quero apagar de mim o que me une a ti. Essas lembranças de momentos que me prendem aos cheiros, as cores, as emoções. Desaparece, mas desaparece de mim.
- Não sei o que é isso.
- Não sabes eu elucido-te. Desaparecer de mim, quer dizer, tira de mim o sabor dos teus beijos, isso mesmo. Tira de mim, o toque da tua pele. Tira de mim o desejo de te ter. Tira de mim essa ilusão de que a teu lado estou bem. Porque a meu lado não esta nada. Nada. Enquanto tu fores o meu presente, não és nada. Tenho de conseguir tirar-te de mim, para seres alguma coisa.
- Não percebo o que dizes! Mas nós estávamos tão bem.
- Bem? Se estávamos bem. Então eu quero estar mal. Sim mal, agoniada, magoada, lixada, fodida, quero estar assim. Porque se bem é estar assim. Então prefiro estar mal. Pelo menos assim sei como estou, não vou precisar de ti para me sentir.
- Mas porquê? Porquê isso tudo agora.
- Agora! Porque não vai ser amanhã, porque tem de ser agora.
- Assim de repente.
- Sim assim de repente deixei de gostar de orquídeas e em consequência disso, vi que gostava mais de mim. Ora se gosto mais de mim, não posso mesmo gostar de alguém como tu. Logo tu estás fora de jogo.
- E vais te embora assim.
-Vou, mas volto. Sabes que volto. Um dia vamos esbarrar um no outro, numa esquina, num café, num elevador. Mas não me vais ver como vês hoje. Porque hoje eu sou a outra. Mas amanhã eu serei o que nunca tiveste mas sempre desejaste. E nesse dia eu vou olhar para ti com carinho, pelos bons momentos e pelos maus. Porque o que não nos mata torna-nos mais fortes!? Vou mas não te esqueças que volto.





sábado, 22 de setembro de 2007

A OUTRA

A outra veste-se bem, a outra maquilha-se, a outra usa lingerie de renda, a outra usa saltos altos. A outra tem uma opinião sobre tudo. A outra sabe sorrir. A outra sabe seduzir. A outra não anda, desliza. A outra cheira bem.

A outra quando beija, deixa um pouco de si. O seu cheiro, o seu calor, o seu ar. A outra tem o corpo bem definido, não é perfeição mas é uma visão.

A outra espera pelo toque do telefone. São uma da tarde, combinaram almoçar juntos, num restaurante qualquer, bom mas discreto. Ele liga a dizer que está a chegar. Espera que a outra, o receba com aquele sorriso que ele tanto gosta. Chegam ao restaurante, ele puxa a cadeira, ela senta-se. Ele pergunta o que a outra quer comer e sugere um vinho. A outra agradece as flores que ele enviou. Orquídeas as suas preferidas.
A outra diz-lhe que tem bilhetes para a peça de teatro. Ele responde que vai. Ele fala-lhe de um fim-de-semana em Paris. E a outra aceita. Acabam o almoço ele despede-se dela com um beijo apaixonado.

Ela prepara-lhe o jantar e deita os miúdos. Ele chega a casa e diz que tem de sair para uma reunião. Precisa que ela lhe prepare aquela camisa que ele tanto gosta, enquanto toma um duche rápido. Ela ajusta-lhe a gravata, alinha-lhe o casaco. Ele comunica-lhe que vai ter de ir a França no fim-de-semana, precisa que ela lhe prepare a mala. Durante o jantar, ela informa-o que os miúdos estão bem, que já dormem. Que tem uma reunião na escola para a semana e que o mais velho vai inscrever-se no futebol. Ele beija-lhe a testa e deseja-lhe boa noite. Ela fica a porta a vê-lo sair.

Ele chega, a outra já está a espera dele. Cumprimentam-se com um beijo fugaz, ele olha-a deslumbrado e ela cora. A outra olha-o. A camisa impecavelmente engomada, o nó da gravata perfeito. Vão ver a peça juntos, vão beber um copo juntos. No final da noite e depois de uma passagem rápida pela casa da outra, ele volta para casa sozinho.

Ele chega a casa deita-se ao lado dela, ela aconchega-se nele e beija-o, sente um outro perfume. Cerra os olhos e volta adormecer.
Pela manhã ele acorda primeiro, prepara o café que tomam juntos todos os dias. Falam do que cada um vai fazer durante o dia. Ele vai preparar-se para o trabalho, ela vai preparar os miúdos para a escola.
Ele ajuda os miúdos no carro, volta a casa e beija-a deseja-lhe um bom dia e diz-lhe que a ama. Ela sorri, sabe que é verdade.

São uma da tarde e a outra aguarda a chamada dele.

A outra sabe que ele tem ela. Ela sabe que ele tem a outra. A outra quer ser a ela dele e ela quer ser a outra dele.

Num mundo perfeito a outra e ela seriam uma pessoa só. No mundo real existem ilhas perfeitas.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

José Afonso

Quinta-feira a noite, vou para a “borga” dançar e conviver com bons amigos. Acabada a noite e a despedida do pessoal, encaminho-me para o meu carro. Abro a porta, entro e ligo o carro. Olho para o vidro e vejo uns papéis. Só pelo facto de não querer ter o azar de chover e estes se colarem ao vidro resolvi sair e retira-los. Não gosto de deitar papéis no chão, atiro-os para o banco do lado e lá vou eu.
Ao chegar à casa, olho para os papéis e percebo que não é mais um dos muitos bilhetinhos com números de telefones ou mensagens, mas sim uns bilhetes de uma estreia. Reparo na data e já passou, reviro os bilhetes e encontro um nome. O nome do dono dos bilhetes e mais nada, nem uma mensagem, nem um número. Só informação cultural.
Estranho penso eu. E mais estranho é alguém decidir fazer do meu carro seu caixote do lixo. Enfim decidi não pensar nisso, mas deixei os bilhetes em cima da mesa.

Sexta-feira depois das lides profissionais, fiquei com a tarde livre. Vou para a baixa de Lisboa. Adoro a baixa, Lisboa vive-se ali. Nas ruelas, nos passeios, nas praças, nas Igrejas escondidas, nos botecos. Nos turistas de rua, nas Marias, nas Madalenas, nos Zés, nos Quins e em mim. Faço o roteiro do costume e dirijo-me para Belém. Passeio pelos jardins, vou beijar o rio e cruzo o olhar com o Centro Cultural de Belém. Este pisca-me o olho, já lhe devo uma visita há algum tempo.

Entro na recepção e pergunto pelo Museu da Colecção Berardo. Pergunto se a entrada é paga, respondem que não. E eu sorrio e mando cumprimentos ao “tio” Joe.

E agora podia armar-me aqui em intelectual e tal, que entendo muito de arte e tal. Mas não, fui realizar um desejo, adoro o surrealismo e ali estão, não as melhores obras, apenas algumas representativas.
A meu ver Dali é o Tal e dele apenas uma obra e nem era um quadro. De resto o Surrealismo é assim mesmo uma linha, um objecto deformado, uma névoa e o seu significado passa a ter outra dimensão. É muito interessante ver o que para um, é definido como uma tarde solarenga e no mundo real ou não, é apenas um peixe num prato.
Adorei a exposição, fiquei espantada pela sua organização, pelas obras apresentadas e pela sua “ magia”. Surrealismo “rules”.
Retirei-me do Museu um pouco mais rica. O tio Joe pagou o bilhete e afinal de contas a arte é de todos, logo aquele quadro de Picasso também é meu.

De saída encaro com uma placa onde apresentam a primeira apresentação pública de uma nova orquestra, a Orquestra de Câmara Portuguesa, fundada e dirigida por Pedro Carneiro. Fez se luz, os bilhetes deixados no meu carro eram os da estreia. Já usados obviamente.

Fiquei a pensar, se teriam sido os bilhetes a levarem-me ali. Que estes tivessem influenciado a minha tarde. Afinal com tanto sítio para passar a tarde, dou por mim no CCB, a ver uma exposição sobre o surrealismo, quando podia estar assistir uma sessão de treinos do Sporting. Enfim uma situação digna deste movimento. Decidi ir comer pastéis de Belém.

Querem mais surreal que isto: uma tarde em Lisboa, uma exposição surreal, uns bilhetes usados e pastéis de nata. Misturem tudo e "voilá". Não temos artista mas temos concerteza mote para um bom quadro servido a moda de Dali ou Cesariny.


P.S. – E já agora obrigada José Afonso, queira por favor deixar para a próxima bilhetes válidos. E dois.

sábado, 1 de setembro de 2007

Enquanto dormes

Ao fim de tantos anos, está ali ao meu lado e dorme. Olho para o que desejei, a ele, somente a ele, um desejo de partilha, entrega, submissão.
Lembrei-me da Ana, ela ama tanto o namorado, mas também ele dorme. Penso na Carla ela ama tanto o marido, mas também ele dorme. Penso em mim e eu amo-o tanto mas ele também dorme.

Foram envenenados com a confiança, de nós ter ali ao lado. Acordam de leve a meio da noite, esticam o braço, sentem a nossa pele e voltam adormecer.

Sentamo-nos a mesa, ele come e eu olho para ele. Pergunto-lhe como correu dia, se gostou da minha surpresa, se gosta de mim. E ele automaticamente responde a tudo que sim. Olho bem e reparo que afinal ele dorme.

Entramos no quarto, abraça-me, aperta-me e eu sei o que ele quer. Fazemos amor!? Não. É sexo, porque olho para ele e ele dorme.

Levantamo-nos pela manhã, é domingo. Digo-lhe que quero ir até a praia. A esta hora ainda está bom para passear. Ele diz que sim.

Avançamos pelo areal. Enterro os pés na areia molhada e gelada. Respiro fundo, o vento brinca com o meu cabelo e recordo um dia, uma tarde, uma noite em que fui feliz. Abraça-me como se conseguisse ler os meus pensamentos. Fico com medo, mas afinal não, é só um abraço. Um abraço frio, porque ele dorme.


Enquanto eles dormem, nós sonhamos, com homens de carne e osso que sentem medo, que choram, que sofrem, que vivem, que pretendem, que se atiram, que se excitam, que ambicionam.

Enquanto ele dorme a vida avança. A minha, a da Ana, a da Carla. Enquanto eles dormem, nós acordadas vemos o mundo e desejamos e lutamos, por alguém acordado, por alguém que nunca durma. Porque precisamos de quem nos vele o sono.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Noctívagadas

Saio a noite, vesti-me como se fosse para uma festa. A vida é uma festa. Porque não celebra-la, penso eu.
Saio do carro, dou uma volta, miro o vestido que trago. Que delicia, sabe mesmo bem esta seda no corpo. Esta cá um calor, mas não faz mal, até sabe bem, o perfume fica mais intenso.
Chego e cumprimento o pessoal do bar. Olho para a minha mesa preferida e está ocupada. Faço um ar de descontente. O Luis empregado do bar, meu conhecido há anos, oferece-me outra. Faço beicinho e digo que não, eu quero aquela. Sem saber o que dizer oferece-me uma cadeira junto ao bar. Aceito esperar ali, afinal não vão ficar lá a noite toda.
Sinto um perfume masculino delicioso. Caramba, não há de uma mulher ficar louca com estes aromas. Olho para o lado, interessante. Bem vestido e cheiroso. Ele sorri eu não. Não vá pensar que lhe estou a dar espaço.
- Que guapa! Diz ele. E eu penso, mau maria, oh espanholito deixa-te estar por aí que eu hoje não estou para aí virada.
- Queres bailar!
Ai ai, que este é dos matadores.
- Não obrigada.
- Eres portuguesa?
E insiste o desgraçado. Volto-me para ele e respondo em bom inglês! - I’m sorry, am not portuguese.
Esta costuma resultar sempre, não conheço um espanhol que goste ou saiba falar inglês correctamente.
- Oh am american!
E eu penso, shit que este vai ser difícil de descartar.
- Am sorry am not into you! Sou o mais directa possível. Traduzindo “ desculpa-me mas não tou na tua”. Aprendi isto na Oprah. E não é que resulta mesmo!
O gajo olha para mim e chama-me bitch. Eu olho para ele e chamo-lhe loser.
Entre bicth e loser, prefiro definitivamente bitch. As bitches são vencedoras. São as que dão que falar, pelos bons e maus motivos. E a frase mais conhecida entre as mulheres, é que as bitches ficam sempre com o melhor. Portanto o loser até tem razão.
Até que enfim vejo chegar o pessoal.
- Então chatearam-te muito!? Pergunta o Pedro a gozar.
- Não, só um "son of a bitch". Respondo a sorrir.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Encosta-te e tatua-me

Encosta-te a mim, encosta-te e canta no meu ouvido. Sabe-me a mel as tuas palavras.
Ai tiras-me do sério só de pensar no que estás a dizer. Arrepio-me toda, tal é a delícia das tuas palavras. É como se soprasses na minha pele nua.
Falas de um passado que sinto, ainda a palpitar nas veias. Tão recente, tão saboroso.
Encosta-te a mim e sussurra-me ao ouvido. Fala-me com paixão, fala-me de tudo o que queres fazer comigo. Ganha coragem e deixa-te levar, magoa-me se for preciso, quero ficar tatuada.

Abraça-me pela cintura e faz me esquecer. Esquecer tudo menos esta canção.
Sabe-me a mel, a beijos arrojados e a amor. Sabe-me muito bem.

Canta Jorge, canta e mata a sede que há em mim.

"Encosta-te a mim
Encosta-te a mim, nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar.

Chegado da guerra, fiz tudo p´ra sobreviver
em nome da terra, no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem, não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, não quero adormecer.

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.

Encosta-te a mim, desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.

Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim."


Jorge Palma, in Voo Nocturno ( até doi ouvir esta música )

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Fui encontrada e presente ao Juiz

- Apresente-se ao tribunal. E explique a sua queixa.
- Sr. Dr. Juiz, venho apresentar a minha versão dos factos, para justificar o facto de ter estado perdida. Reconhecer perante o Tribunal que errei, mas que agi por ingenuidade.
- Sr.ª Doutora Laudy faça o favor de apresentar a vossa defesa.
- Amiga não te preocupes vai correr tudo bem! Diz-me a minha melhor amiga que achou por bem intervir em minha defesa.
- Sr Dr Juiz, a minha cliente agiu de boa fé, foi apanhada de surpresa, pelas estradas da vida. Ou seja com as calcinhas na mão.
- Ai amiga calcinhas na mão, amiga não digas isso. Digo eu embaraçada.
- Não te preocupes é apenas uma expressão. Pisca-me o olho e continua. - Como estava a dizer Sr. Dr. Juiz com as calcinhas na mão. Completamente desprevenida, foi sucessivamente deparada com verdadeiras agruras. E é mais que natural que não tendo tempo para pensar no assunto, tenha apenas resolvido fugir, a enfrentar a realidade. Andou perdida durante uns dias e pior chorou, chorou como nunca à tinha visto chorar. Sou testemunha desse facto e como prova, trago aqui os barris de cerveja sem a respectiva mas cheios de lágrimas.
- Sr. Dr. Juiz esta cena das lágrimas não devia entrar na defesa. Afirma o advogado da acusação.
- Sr. Advogado Facadas chorar faz bem. Responde o Juiz - Continue.
- Aparte do que já foi dito quero apenas acrescentar que esta fase já foi ultrapassada. A minha cliente esta consciente, de que nada pode fazer, o que será será! Aceitou o facto de que cada um tem o que merece ou melhor procura. Cedo a palavra a acusação.
- Sr. Dr. Juiz, a cliente da defesa afirma que foi apanhada desprevenida e vou citar "com as calcinhas na mão". É mais que sabido que estamos a falar de uma mulher, friso adulta. Uma senhora que sabe o quer, que luta e que acima de tudo é justa para consigo. Ora tendo sido apresentados estes factos. Afirmo que deve ser condenada, a vida continua. Não ficou a sua espera e muito menos tem de lhe dar satisfação, o passado é passado, o presente acontece e o futuro, todos nos sabemos é produto dos nossos actos, deve ser condenada, por agarrar-se a ideia, de que todos os finais têm de ser felizes.
- Contesto Sr. Dr. Juiz. Grita a Dr.ª Laudy – A minha cliente tem o direito de acreditar nos finais felizes, na felicidade e até no Pai Natal. Pecou por ingenuidade, infelizmente acontece.
- Feitas as exposições, devo antes de pronunciar a sentença, recomendar que dadas as circunstancias, que no futuro seja mais prudente, que não facilite e que acima de tudo que se proteja. Deixar o seu coração ser atacado dessa forma é mais que ingenuidade, é achar que a vida anda connosco nas palminhas da mão. Minha cara a vida dá-nos beijinhos, faz amor connosco, dá-nos palmadinhas nas costas e as vezes vai buscar-nos ao abismo. Mas toda a gente sabe que "Life is a bitch and you bether whatch out"*
Desta vez o tribunal confirma a sua inocência, mas não volte a repetir esta imprudência.
- Sim Sr. Dr. Juiz. Volto-me para a Laudy aliviada e suspiro. - Não volto mesmo a deixar isto acontecer.
- Vais continuar a acreditar em finais felizes. Pergunta-me ela já a sorrir certa da resposta.
- Sim vou! Até ao fim dos meus dias, vou acreditar que o bem vence o mal, que o amor vence o ódio, e que há sempre uma tampa para cada tacho. Podem não ser as tampas perfeitas mas ninguém o é. Ou serão uns mais que os outros!? Bem fico por aqui senão qualquer dia estou a ser julgada novamente.


*A vida é cabra, temos de estar de olho.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Lost: tradução perdida


Existe algum lugar para onde eu possa ir, onde eu possa estar sem pensar em mais nada, onde possa literalmente parar o tempo? Onde possa deixar de ser eu, para ver tudo com mais clareza? Um lugar onde o tempo e a vida ficam suspensos. Alguém que me diga. Preciso urgentemente de uma resposta. Trata-se de uma questão de equilíbrio mental.


E sabem o quanto esta questão é importante. A do equilíbrio mental. Sabem aquela sensação de que tudo corre a nossa volta e nos continuamos parados só a observar, porque estamos demasiados dormentes para fazer acontecer. É deste desequilíbrio que falo. Deixamos que nós calem, que nos tapem os olhos, que nos roubem o ar. Estamos adormecidos.
Ultimamente sinto que fui assaltada, que alguém me roubou algo e ainda não descobri o quê.
Sinto que perdi a guerra, sem nunca ter entrado numa batalha.
Sinto que perdi e eu tenho mau perder, estou sempre a espera que a derrota, afinal não seja verdadeira, que o meu esforço no fim resultará em vitória.
Aceitar as derrotas é uma virtude, lamento mas essa não faz parte do meu cardápio.
Ingénua pode ser que sim, há muito que acredito em finais felizes. Recuso-me a aceitar historias mal resolvidas, assuntos por discutir, situações complicadas.
Acredito de verdade que todos merecemos ser felizes desde que sejamos puros de coração. E acredito que devemos aceitar as consequências das nossas escolhas desde sejam as que nós desejamos.
Não sei se o meu coração é puro, acho que há espaços com pó, acho que preciso de fazer a limpeza geral. Acima de tudo preciso de encontrar aquele lugar onde o tempo e a vida ficam suspensos e eu sei que deve ficar mesmo ali, ao lado da paragem coração. É a tal questão do equilíbrio mental. Preciso de fugir, esconder-me para depois, sei lá depois sei lá. Mas quem souber que me diga, eu preciso de encontrar o tal lugar. E é urgente!

terça-feira, 17 de julho de 2007

3 ricas perguntas

Em resposta ao texto anterior. Cá vai.


Gostas deles loiros ou morenos? Que tipo de homem te atrai?

Ui ui, que me querem apanhar com esta.
Minha nossa. A resposta é simples. Gosto deles. Arrumadinhos, cuidados, equilibrados. Qualquer homem que tenha em conta o século em que vive, que seja mais do género metrosexual, urbansexual, mas que goste de aventura, de andar descalço na relva, de dançar a chuva, de passar uma tarde a olhar para o pôr-do-sol sol sem se sentir obrigado a dizer uma única palavra, esta convocado.

E não me vou alongar mais, senão ainda alguém se atreve a dizer. “Estavas melhor calada”


Que número é que calças?

37. Não percebi o motivo da pergunta. Será que me vão oferecer sapatos. É pá se assim for na boiinha. Será que posso dar uma sugestão; posso? Gosto de sandálias de salto alto entre os 8 e 10 cm é perfeito. Não gosto daquelas, cujos fios são para amarrar a volta do tornozelo e ainda sobem pela perna. Gosto delas com fios coloridos ou com cristais, como se decorassem os pés.

Descrever um pesadelo?

Ser acordada pelo Mr. Been na minha sesta de tarde de verão. Ok ok podia ser pior mas só me lembro deste. Podia descrever vários cenários, mas não quero traumatizar ninguém é que isto dos pesadelos é contagioso.


Agradeço que não me tenham feito perguntas comprometedoras, para isso já estou cá eu.

Cuidem-se

segunda-feira, 9 de julho de 2007

1000... só um A380 não vai chegar.

Quase que sem dar conta, dou por mim a ver que este blog foi clicado quase 1000 vezes. Estou contente, mas de verdade só me leva a pensar ou melhor analisar estas 1000 vezes. Quem terão sido os passageiros deste voo? Questiono-me e elaboro as possíveis respostas;

Terão sido passageiros de um voo atrasado, sim possivelmente metade deles.
Terão sido passageiros a procura da sua bagagem, sim possivelmente alguns.
Terão sido passageiros a procura do seu destino, sim acredito que também passaram por aqui.
Terão sido passageiros desesperados, marcados, zangados, magoados, sim é certo que terão vindo.
Terão sido passageiros felizes, completos, iluminados, acredito que a maior parte deles sim.
Terão sido passageiros de outros voos a procura de aventura, estou certa que também fazem parte.

Mil passageiros para um voo, que faz tantas escalas é gratificante.

Como vossa assistente de bordo venho agradecer a vossa preferência e convida-los a viajar connosco no futuro.


É um prazer tê-los a bordo.

A visita nr 1000, 1001 e 1002, se assim desejar pode fazer um print screen (imprimir o que visualiza no ecrã, sendo que deve aparecer o contador com os respectivos números) e enviar o dito para o seguinte e-mail voodeprimeiraclasse@gmail.com . Terão direito, se assim desejarem, a formular 3 perguntas, atenção 3 perguntas e não 3 desejos. Não é como a lâmpada mágica, são três perguntas sobre as quais darei a minha sincera resposta neste blog. Não vou ameaça-los, a dizer que se devem conter e não formular perguntas de carácter duvidoso, pois acho que não é necessário, é obvio, aproveitem sejam criativos.




terça-feira, 3 de julho de 2007

O meu filme

Ele levanta a mão, agarra os seus fios de cabelo sedoso e suspira. Afunda a face nos cabelos dela e inspira o seu perfume. Ela encosta-se a ele e fecha os olhos, relaxa. Ele passa os dedos levemente pela sua face desenhando o seu contorno. Desliza as mãos pelos seus braços e aperta-os suavemente. Ela sorri. Volta-se para ele e os seus lábios encontram-se. Beijam-se apaixonadamente. Ele levanta-se e vai buscar uma rosa e coloca-a nos lábios. Ela levanta-se e encaixa-se nos seus braços. Ouve-se música, toca um jazz perdido no tempo. Eles dançam, na verdade deslizam embalados pelo som. Ela move-se sedutoramente e ele ampara-a. Navegam pela suite, já decorada com velas e pétalas de rosas.
Comemoram, não uma data especial, mas sim uma ligação eternizada por este momento.

Estou a visualizar partes de um filme romântico, inspirada levanto-me e decido ser protagonista de um também.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

E o Óscar vai para…

Quero agradecer a todos aqueles que têm tornado a minha vida, um verdadeiro caminho, cheio de emoções de alegria, de momentos de tristeza, mas acima de tudo cheio daquilo que nós apelidamos de amor.
Nos pequenos gestos, desde ao tocarem-me no rosto quando digo alguma tolice, ao despentearem-me quando acho que tive graça, ao olharem-me nos olhos e pedirem-me para prestar atenção. Ao convidarem-me para um café, ao perderem-se nas minhas filosofias e ao apoiarem-me nas minhas diabruras. Não gosto muito, mas há ainda quem me aperte as bochechas, como acto carinhoso.
São trinta anos com muitos dias. Dias de sol e de chuva. Dias em que não me importei com o amanhã e dias que esperei pelo amanhecer doutro.

Deve ser da idade esta coisa de fazer 30 anos não me intimida, mas pôs-me a pensar e dei por mim a contabilizar tudo:

Rugas = 0 ( tenho fotos a comprovar)
Amigos = 2 mãos x 2 mãos bem cheias

Inimigos = não conheço esses gajos.
Dietas = 0
Ex-namorados = são ex não contam.
Ossos partidos = 0
Festas curtidas = Bués

Festas não curtidas = não me lembrem disso
Lágrimas = também é preciso
Sorrisos = as vezes até me doi as bochechas

Grandes bebedeiras = 2 ( e tive direito a plateia)
Beijos roubados = 3 (bem roubados)
Gente que fiz chorar = poucas
Gente que fiz rir = Todos nós temos vocação para palhacinho.
Noites perdidas = não me arrependo.
Loucuras = Já lhes perdi a conta

Sexo, drogas e rock and roll = hum... essa passo
Sonhos realizados = muitos
Sonhos por realizar = muitos
Arrependimentos = raros
Atrevimentos = começam a ser frequentes.



O resultado destes 30 anos é muito, muito positivo. Venham muitos mais 30 e que nesse novo voo haja lugar para todos vocês, pois tenho muito prazer em tê-los na minha companhia.

Apertem os cintos e boa viagem;)

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Elevador


- Um beijo.
- Um beijo?
- Sim um beijo, daqueles que me davas pela manhã.
- Desses não podem ser.
- Porquê?
- Porque, não pode.
- Quero saber porquê.
- Porque fazem me lembrar quem tu és, e o quanto…
- O quanto…?
- Tu sabes.
- Eu sei? Não, não sei, diz-me
- O quanto eu te queria.
- Querias…e agora?
- E agora não há desses beijos.
- Isso dizes tu. Quando te apanhar logo a noite e vai ser no elevador.
- Vai ser o que?
- Que eu vou te beijar.
- Não sejas louca.
- E acho bom que arranjes maneira de entrar no elevador sozinho.
- Mas que ideia é essa. Eu preciso de chegar apresentável.
- São as saudades!
- Saudades, mas ainda ontem estivemos juntos.
- Sim, mas não houve beijos.
- E hoje tem de haver.
- Sim
- Porque?
- Porque me fazem lembrar quem tu és e o quanto…
- E o quanto…diz!
- Tu sabes.
- Não, não sei e não desligues a chamada.
- Até logo, elevador não te esqueças, beijo.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Chá das cinco

"- Miga e ele?
- Não disse nada e eu estou a aguentar, sem lhe dizer nada também.
- Acredito que sim, eu já tinha mandado uma mensagem.
- De verdade estou desiludida com ele, mas começo a perceber que há muita gente assim. Que não é coerente que nunca sabes o que vão fazer a seguir. Não se trata de serem imprevisíveis, mas sim de não terem um caminho. Não têm consciência moral, só se preocupam com eles próprios e os outros só contam se por alguma razão contribuírem para o que querem.
- Acho que tens razão, mas sabes amiga, infelizmente essa é uma das grandes diferenças entre os homens e as mulheres. São todos assim.
- Amiga eles também se queixam, quando lhes toca a eles.
- Só quando se apercebem que estão na corda bamba aí andam connosco ao colo se for preciso.
São uns despassarados, nem estão nem aí..... o Luis é igual, o José é igual, o meu primo é ainda pior. Sei lá....todos os gajos que conheço têm me decepcionado. São assim (homens), temos maneiras tão diferentes de pensar que por vezes, fico abismada com as conversas deles.
- Pois é amiga.

- Sabes o que mais me chocou ouvir de um paciente homem...
- Começo a pensar que quanto mais os conheço mais me assustam.
- Ate hoje...e já outros confirmaram o mesmo que o facto de nós estarmos bem vestidas ou bem maquilhadas é um sinal para eles "saltarem-nos em cima” e acham que se nós, não lhes dermos trela que somos umas grande convencidas e que só queremos gozar com eles. Eu fiquei pasmada! Disse ao paciente. “Já pensou que, nós podemos gostar de nos arranjar bem.....faz-nos sentir bem e com auto estima, não têm necessariamente que ser com o intuito de sedução”.
- Há muita falta de consciência moral, o que vale é que a vida dá muitas voltas.
- Homens. “ Can’t live without, can’t live with ”
- Yeah.
- Mas eu gosto deles.
- Impossível não gostar."

P. S. Nada contra, nada a favor, manifestem-se livremente. Beijo

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Podias construir


Sonhas com o que queres, acreditas nos teus princípios. Nasceste, cresceste, estudaste, aprendeste, rezaste, ajudaste, lutaste…aste.

Convenceste-te que é assim que se ganha na vida “ a jogar pelas regras”. Que quem com bom coração planta, com bom coração colhe. Riu-me, mas contenho me e continuo.
Passam os dias, passam os anos, e tu ali com os sonhos por realizar. Vejo-te a modelares a madeira da tua cruz, que já esta quase perfeita. Vais lixar até a madeira ficar macia, e será que te vais dar ao trabalho de a envernizar? Calculo que sim. Já me esquecia, estas a preparar-te para á carregares também.
Corres sem olhar para o tempo, o tempo está a gozar de ti. E tu deixas que te gozem?! claro que sim. O tempo não o faz por mal, respondes tu.

Pois eu digo-te. O tempo é sábio e como todos os sábios está a espera do momento, o tal do assalto final, para te dar a lição. E perguntas se vai doer, olho para ti e riu-me. É claro que vai doer.
Olhas para mim com desprezo ou será medo. Abre bem os olhos, quero olhar através deles, quero ver se é desprezo ou medo. Não estou aqui para te criticar se é desprezo estou de saída e fecho bem a porta. Mas se é medo vou sair a mesma, mas deixo a porta aberta, quero que vejas o que há para lá dela. Que ouses desafiar. Afinal, nasceste, cresceste, estudaste, aprendeste, rezaste, ajudaste, lutaste…aste. E desafiaste? Não? sim?.
Aí os bons princípios, dizes tu. E eu riu-me. Os bons princípios, queres mesmo falar deles. Senta-te que eu vou te falar ao ouvido, assim as minhas palavras não farão eco.
Os bons princípios de que tu tanto falas são: o bom dia, o como esta, o deixa-me ajuda-lo, o eu faço por ti, o beijo de boa noite. Os bons princípios que tu falas são esses. Mas eu vou sussurrar-te outros. O princípio da consciência, o princípio da dor, o princípio do Amor, o princípio do fim.
Do princípio da consciência, entendes que a tens, e que quando ela carrega no alarme deves fugir. Se a consciência te pesar é porque deves, porque agiste em proveito próprio. E sabes que mais, as vezes não faz mal. E as vezes é necessário. As vezes.
Do princípio da dor, esse conheces bem. Já te ouvi, resmungar, que não te larga, a dor. A dor de sentir fisicamente o que os sentimentos são. Também faz falta, mas é uma cadeira que só devias ter feito uma vez, no entanto tens lá o teu nome gravado na carteira dessa escola que nunca te aprova.
Do princípio do Amor, decidi agora não falar sobre isso. Não vim para acarinhar-te, queria ouvir-te e quem acaba por falar sou eu. Por isso vou saltar a parte boa, a parte do amor. Eu sei gostas do Amor. A M O R, é uma palavra fácil de pronunciar. E tão cheiinha de coisas, o amor é cheio de coisinhas e tudo inhas.
Prefiro antes falar-te do princípio do fim, que se avizinha todos os dias e tu ainda assim acreditas no princípio e não no fim. Há sempre um fim para tudo. Devias acreditar nisso e mais, devias desenhar o fim. Como? perguntas tu. Primeiro devias atravessar aquela porta e depois devias viver.
Viver a construir cada minuto, sim a construir. Tijolo a tijolo, escada a escada, amor a amor, montanha a montanha. A construir o que quer que desejas, devias construir e largar essa cruz com quem namoras. Esse namoro não te faz bem, sei que não. Sai para a vida e vai construir cada minuto.


Que o tempo está a olhar para ti e ele é sábio.

terça-feira, 15 de maio de 2007

O voo de HOJE

Hoje queria ver-te.

Hoje queria tocar-te.

Hoje queria beijar-te.

Hoje queria que escolhesses um destes meus desejos, porque hoje queria fazer acontecer, mas não me sinto com poder. Há dias assim em que sinto o limite da minha humanidade. Há dias em que perco a luz e sinto que vou a caminhar para o oposto.
Olho para o tempo e vejo escoar-se nas minhas mãos, que já não têm a consistência que conhecia. Deixo o tempo fugir, sinto-me frustrada.
Penso, quando olho para mim “eu não sou assim”. E vejo-me de uma forma surreal como os quadros de Dali. Creio ser de facto uma figura dos seus quadros, quero fugir, mas quando tento, o meu corpo move-se lentamente, e vai se espalhando pelo espaço. As cores a minha volta são duma beleza estranha, quase que consigo tocar-lhes.
Vejo um relógio ao fundo. São 14h00 ou serão 10h00, o relógio escorre parece feito de água. Choro, as lágrimas escorrem-me pelo rosto, caem-me no peito e desaguam no chão. Água vai buscar mais água, um lago nasce a minha volta. “Não pode ser”, digo “ como é possível”. Fico sem resposta.
Estou assustada, não sei o que fazer, vejo uma porta, corro para ela. Agora consigo correr, que estranho. Quanto mais corro, mas me parece distante. Não consigo alcança-la, finalmente admito. Cansada, rendida, ferida, observo-me como se fosse um mendigo e soluço “nada do que tenho é valioso”. Nada servirá de moeda de troca.
Começo por deixar cair os joelhos, em seguida espero que o resto do corpo, siga esse movimento, quero deitar me no chão. Quero sentir que cheguei ao fim e que já não há limite. Agora tudo é possível. Como nos quadros de Dali, tudo é possível.

Hoje quero que escolhas um dos meus desejos e que por mim o tornes realidade. Porque hoje sinto que o limite da minha humanidade tomou conta de mim.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

You're just too good to be true ( ou não)

Meto na cabeça que tenho de ir para lá e saio de casa. É tão tarde mas não interessa. Vou lá ter a mesma, enquanto conduzo esqueço tudo, fico dormente, paro os pensamentos, desligo. Admiro as luzes da noite, como eu gosto desta estrada, se houver um caminho para o paraíso não me importo que seja parecido com este. Deixo a brisa entrar no carro, o meu cabelo move-se consoante a ondulação do vento. Arrepio-me, está frio, mas não interessa, (o frio é psicológico).
O cd dança e oiço Elvis Presley e não consigo conter um sorriso de satisfação adoro o Elvis. Ele canta e eu canto com ele:

“Were caught in a trap
I can’t walk out
because I love you too much baby

We can’t go on together
With suspicious minds
and we can’t build our dreams
on suspicious minds”

As lágrimas ameaçam surgir, lembrei-me de um jantar com vista para o mar, ali mesmo naquele restaurante. Bons tempos, com um sabor de doçura. É passado penso e sacudo os ombros, para afastar essa lembrança.
Já falta pouco, entretanto gritam os Hanson e eu quero gritar com eles:

“Wont you save me?
Save is what I need.I
just want to be,by your side.
Wont you save me?
I don’t wanna be,
just drifting through this sea
of life.”

Assim é que é, penso eu ou melhor assim é que deveria ser. Já cheguei, saio do carro encosto-me a ele, respiro fundo. Olho para o mar e para a lua espelhada nele, sabem mais do que eu. Conhecem-me e sabem que este encontro já estava a demorar. Mas cá estou eu para me confessar e para ouvir a minha sentença. Vou rebuscar os meus receios, as minhas ambições, os meus desejos, espalho-os a todos no tapete imaginário. Estou aqui, mais uma vez a procura de paz, de respostas, de magia, estou aqui. Reflicto, medito, relaxo. Sou forte digo sem voz.
Deixo a brisa, envolver-me, fecho os olhos e sorrio, já posso voltar.

O cd dança de novo, é o Frankie Valli, vamos a isso Frankie:

“You're just too good to be true.
Can't take my eyes off you.
You'd be like Heaven to touch.
I wanna hold you so much.
At long last love has arrived
And I thank God I'm alive.
You're just too good to be true.
Can't take my eyes off you.”

Assim é que deveria ser Frankie. E lá vou a caminho de casa pela mesma estrada mágica, com o Frankie e eu a gritar “ You’re just too good to be true…ai ai ai.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Aperta-me o coração

Estou apaixonada e mais não consigo dizer.

"Quando os meus olhos te tocaram
Eu senti que encontrara
A outra metade de mim
Tive medo de acordar
Como se vivesse um sonho
Que não pensei realizar"


" Quando eu te falei de amor." André Sardet

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Difícil

- Sabes o que é difícil, sabes lá tu. Difícil é achar uma agulha num palheiro.
- Tu já procuraste uma agulha num palheiro?
- Não.
- Então não é difícil. Não é difícil, porque não experimentaste.
- Ai sim, então diz lá o que é difícil.
- Difícil é beber 100 cervejas e não ficar bêbado. Isso é que é difícil.
- Ah ah ah, pois é. Mas tu nunca bebeste 100 cervejas de uma vez, portanto também não podes dizer que é difícil.
- Hum, quem disse que eu nunca bebi tanta cerveja.
- Digo eu, que estou quase sempre contigo nas noitadas.
- Olha difícil, é andar na chuva sem chapéu e sair dali sem se molhar.
- Olha, olha, essa também eu. Tens que dizer uma mais difícil.
- Porque?
- Ora, porque essa é demasiado lógica.
- Esta bem…hum difícil, difícil é fumar uma ganza e não ficar ganzado.
- Ah ah ah, isso não é difícil. A isso chama-se a caminho da moca.
- É pá que tu és mesmo parvo, então diz lá uma difícil.
- Difícil, difícil, é eu atirar-me dum penhasco de 200 metros de altura, com pedras lá no fundo, com silvas, e vidros e sair dali sem um arranhão.
- Pois era, mas sabes, acho que isso é mesmo difícil, porque o mais fácil era nem saíres dali vivo.
- Ai isso era, mas olha que mais difícil era depois de morto ir para o céu. Ah, ah, ah…
- Ah, ah, ah, …
- É pá vocês são capazes de se calar com essa conversa, daqui a pouco digo vos eu, o que é mesmo difícil.
- Diz lá o que é.
- É atravessar a pé, a ponte 25 de Abril, ás 4 da manhã com a bebedeira que vocês os dois estão. E ainda por cima morarem em Odivelas e terem gasto o dinheiro todo nas bebidas. Querem experimentar?
- Não deixa estar, essa é mesmo difícil.

(1 ford, 3 moças, 2 moços e duas grandes bebedeiras numa madrugada )

quarta-feira, 11 de abril de 2007

É uma trama de vida

03h00 – Olho novamente para o relógio. Que tortura. Fecho os olhos.
03h30 – Devia dormir. Assim vou chegar com uma cara de meter medo ao susto.
04h45 – Falta pouco, mas ainda dá para descansar uns minutos. Fecho os olhos novamente.
05h15 – Tenho tudo arrumado não falta nada, mas sinto que falta tudo. O alarme não tarda nada esta a tocar.
05h29 – Que vida a minha, falta um minuto. É melhor pular da cama.
05h35 – Tomo banho, deixo a água escorrer pelo corpo, e peço que me lave a alma, mas isso demoraria muito tempo, e também muito gel. Deixo-me de tretas e saio do chuveiro.
06h10 – Tenho um voo a minha espera, não posso dormir em pé, tenho de ir. Odeio esta viagem até ao aeroporto. Quantas mais vezes a faço, mais me custa. Estou-me a torturar, tenho de tirar estes pensamentos da minha mente.
07h00 – Tanta gente, este check-in esta apinhado. Posso sempre desistir. Posso sempre voltar para trás. Mas seria cobarde e isso não sou, pelo menos nem vontade para o ser tenho.
07h30 – Olho para as escadas da sala de embarque, tenho de subir. Apresento o BI ao guarda de serviço. Ele olha e sorri, deseja-me boa viagem. Queria antes que ele dissesse “Volta para casa pá, o que é que vais para lá fazer”. Mas não, sinaliza com mão para onde devo seguir. Tão simpático, penso eu. Mas nem a sua simpatia me vai fazer sorrir.
08h00 – Estou dentro do avião, olho para fora, vejo o mar, vejo gente na varanda do aeroporto. Uns choram, outros sorriem. A mim não me apetece sorrir, e chorar seria compreensível, mas mesmo assim embaraçoso.
09h25 – Desembarco em Lisboa. Voltei, coloco o resto da armadura, o combate está a minha espera, na saída das partidas. Respiro fundo e abro os olhos.


Ontem apertei o relógio para ter tempo para todos. Telefonei a quem pude, despedi-me pelo telefone, estive com aqueles que consegui.
Chorei sem lágrimas, pelo momento que vivo. Estou insatisfeita, o ombro amigo ouviu-me e deixo-me falar, não me disse que estava certa nem errada, deixou-me chorar sem lágrimas.
Odeio chorar sem lágrimas, é mais difícil. É saber que, quer chore ou não, o que falta fazer continua por fazer. Esta ali a olhar para mim, como se eu fosse uma criança birrenta. - Ná, ná nana, olha o bebé a chorar! Goza-me o medo com sua irmã a frustração.
Olho para o copo, olho para a noite, olho para quem esta a meu lado e penso que mais posso pedir. Não, não chega, só viver de momentos não chega. Esta na altura de fazer escolhas, de vestir a armadura já gasta de outras batalhas e lutar.
Ergo o corpo, e cumpro o meu destino. Peço que a estrada não acabe, enquanto está durar, o tempo vai ter de se conter.
Chego e despeço-me do luar. Mas porquê, que nas despedidas, normalmente o dia esta radioso ou a noite está deslumbrante. Dava jeito que chovesse era mais dramático, mas teatral.
Vou me deitar e choro novamente sem lágrimas, estou de novo a partir. Deixo para trás a promessa de uma vida que não vivo, mas que me parece ser sempre melhor. É aquele recanto que eu sei, que aconteça o que acontecer, será bom voltar.
Fico dividida entre a razão e o coração. Penso no meu trajecto de vida e questiono-me se é assim que quero estar. Viver com um pé de cada lado da linha. Exausta adormeço.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Los que comentam ( acho que é assim que se escreve)

Caros amigos e leitores da bloglândia,

Venho por este meio agradecer, não só o número de visitas como também o número de comentários.
Pelo número de comentários? Perguntam vocês, mas são tão pouquinhos. Pois é, são poucos mas bons, e representam minutos gastos a pensar, a gastar calorias e no fim para dizerem que gostaram, que discordam ou até que ficam a espera de mais. O meu muito obrigado.

Mas e há sempre um mas, queria pedir que não me enviassem comentários sobre o que lêem, para os e-mails do trabalho ou mensagens para o telemóvel. Fico sempre tentada a responder e quando não o faço sinto-me culpada. A não ser que seja mesmo um segredinho (e vocês sabem que nesse caso tem mesmo de ser), estejam a vontade para comentar aqui. É mais fixe, motiva-me, e sempre me põem um sorriso na cara …ou não.

Falando de exemplos mais concretos o texto “ Tentação senhora do meu prazer” suscitou muita empolgação, e eu compreendo. Gostam de festa, se eu não vós conhecesse. E sei que estão a espera de mais “sem vergolhice” da minha parte. Sabem muito, querem ver se me apanham. Mas vamos devagar.
Recebi comentários, desde a facção mais liberal, a mais conservadora. Sim, é verdade também ouvi sermões a conta dele. Mas os comentários não aparecem aqui, pois só a Las Vegas comentou, o resto do pessoal divertiu-se a mandar-me mensagens para o telelé. Sejamos bondosos e venham também aqui partilhar a vossa luxúria. Santinhos!

Por falar neste texto, quero agradecer ao senhor ou menino (espero mesmo que tenha sido um senhor ou menino, pois no feminino custa-me aceitar a ideia), que enviou os morangos e a garrafa de champanhe para o meu trabalho, foi lindo mas o cartão só dizia “ saboreámos” e mais nada. Foi um gesto simpático e anónimo. Gostei da gracinha original, mas como devem calcular tive de comer e beber sozinha ou quase sozinha. E já agora aproveito para dizer que também gosto de Jaguares. Quem sabe não me aparece um a porta de casa.


Bem ajam!

quinta-feira, 29 de março de 2007

Tentação senhora do meu prazer

Contou me uma amiga sobre o facto, de alguém que ela gosta muito ter-lhe feito uma surpresa no trabalho. Deu lá um saltinho só para lhe dizer que tinha saudades dela, que sentia a sua falta. Esta pessoa é mais que um amigo, é o tal, mas por razões, que só a vida sabe complicar, tanto ela como o tal vão ter de esperar.
E porque vós estou a contar isto, por uma simples razão, quando ela estava a contar a situação, comecei a pensar em como a tentação é lixada.

Amigos a tentação têm um gosto muito bom! Eu não vós estou a dizer nada de novo.

Mas a tentação é lixada. Ela surge na maior parte das vezes de surpresa. Como um felino, fica a espreita. E ataca sem dó nem piedade.
Quando estamos fortes, conseguimos resisti-la ou saboreá-la, como costumamos dizer, com os pés bem assentes na terra. Ou até se for preciso nem damos por ela.
Mas, e este mas, é o da questão. Quando sentimos falta de algo e aqui estou a falar principalmente de alimento para o coração e consequentemente algo mais carnal. A tentação delicia-nos com o prato principal do nosso desejo.
Estão a ver os restaurantes japoneses com a passadeira da comida. Isso mesmo. Imaginem nós os tentados bem sentados, a sermos tentados não por comida, mas sim pelo fruto da nossa tentação e este vai passando alternadamente como se fosse um prato japonês. Ai que eu como, ai que lhe ponho a mão, ai que não aguento! Anda cá.

Frente a tentação podemos agir como freiras ou monges literalmente. Cegos, surdos, insensíveis. Ou então podemos saboreá-la, como se a gula fosse o pecado mais doce.

Quantas vezes ficamos a olhar para o telefone, a espera que por magia ele toque e do outro lado esteja o que desejamos. Ou então como zombies ficamos a espera que os números juntem-se como por magia a chamar aquela pessoa, que não é a que podemos ter, mas que ao ouvir a sua voz sentimos no céu. Acordamos e percebemos que isso da magia não acontece. E ai carregamos avidamente nas teclas finalmente decididos e tchan tchan. Uma voz, um convite…

Quantas vezes, fugimos a mais um beijo, quando já houve tantos, só por que existe um amanhã.

Quantas vezes cedemos a tentação, por só nesse lugar proibido nós sentimos felizes.

Gosto da tentação:

Gosto de olhar para o que não devo. E dar essa alegria aos meus olhos.

Gosto de beijar a quem quero, mesmo sabendo que não devo.

Gosto de sentir a quem desejo, mesmo sabendo que mais tarde vou chorar pela sua falta.

Gosto de ceder a tentação, faz me sentir viva, faz me sentir desejada, faz me sentir feliz.

Gosto de provocar a tentação, com o olhar, com o sorriso ou com aqueles tiques que só o outro conhece na intimidade.

Gosto ou gostamos todos. Falo por mim, mas posso bem por a mão no fogo por alguns de vocês.


Quanto a minha amiga sei que ele é a sua tentação. Sei que por ele, ela mudaria o mundo. Sei que por ele, ela renunciaria a um princípio. Mas sei que por isso mesmo, ela seria mais feliz.

Quanto a mim podem começar a pegar no telefone e tentarem-me. Quem apostar no champanhe e morangos já tem meio caminho ganho.

quarta-feira, 21 de março de 2007

De regresso...

De volta a Lisboa, respiro o ar de que já tinha saudades. De repente vejo-me a regressar ao passado e relembro os lugares onde vivi.

Recordo a minha infância em Africa e escrevo isto a sorrir, pareço o pessoal que viveu nas ex-colónias no tempo da paz a falar. Pois eu também, com 29 anos em cima, digo que recordo da minha infância em Africa para ser mais concreta em Benguela.

Benguela tem um cheiro especial, tudo parece não ter pressa, a vida corre devagar. É uma cidade encantadora, sedutora, acolhedora.

Lembro-me de ter cinco anos, do jardim com grandes palmeiras em frente da minha casa, onde eu corria atrás dos passarinhos, tinha mesmo uma tara por passarinhos. De vez em quando conseguia apanhar um e lá feliz da vida levava-o para casa. Tomava conta dele. Dava-lhe de comer e dava-lhe banho. Enfim, acabava por matar o triste coitado com as regras que me eram impostas. “Eu também tenho de comer, mesmo quando não quero e tenho de tomar banho”. Explicava a chorar ao meu pai, quando este me dizia que não podia dar banho aos pássaros pois morriam e que não os devia trazer para casa. O lugar deles era na rua onde podiam ser livres, o meu também pensava eu.
Lembro-me do meu pai ir deixar-me à escola. Vestia o meu uniforme, calções azul anil e camisola azul-bebé, levava o meu banquinho. Na minha escola, não havia carteiras, cada um levava o seu banquinho. Onde se sentava e com o caderno no colo, lá fazíamos as nossas primeiras letras.
Como morava a duas ruas dali, bastava eu ter a certeza que o meu pai já estava longe, para aproveitar a primeira oportunidade de fugir. Não é que eu não gostasse da escola, mas brincar na rua era muito melhor.
Lembro-me quando esta liberdade acabou. A empregada de casa decidiu acabar com a minha anarquia e contou ao meu pai, a baldas que a filha era. Não me lembro do raspanete, essa é das coisas boas, esqueci-me da maior parte deles.
Há poucos anos voltei a Benguela e umas das visitas que fiz, foi à minha professora da pré - primária, obviamente obrigada pelo meu pai. A senhora só sabia que eu era filha dele, mas não se lembrava das minhas peripécias. O meu pai fez o favor de as recordar.
“Não se lembra dela fugir da escola e eu ter de vigia-la do outro lado da rua”, “Não me lembro, mas a rapariga parece tão boazinha” E eu a sorrir com ar de anjo não fosse ela dar-me umas reguadas. “ Pois, parece”- dizia o meu pai.

Do dia de parti de Benguela não me recordo. Deve ter sido um dia normal sem me aperceber da grande viragem, que a partida traria a minha vida. No coração guardei os pássaros, no sangue a música, nos pés a dança africana.

terça-feira, 6 de março de 2007

Conhaque e Serra Nevada.

Parto hoje para Serra Nevada, vou em trabalho. Já vejo os sorrisos na cara, a pensarem és sempre o mesmo, dizes sempre isso, que é trabalho. Mas vais andar lá a passear e tal.

Pois é verdade vou andar lá passear com horas marcadas para tudo. É trabalho mesmo, tenho horas para me levantar, comer, trabalhar, divertir e dormir. A diferença é que é na Serra Nevada.

Vou com um grupo de colegas da mesma profissão, pessoas que na maior parte delas nunca vi, e com as quais vou ter de acordar, comer, trabalhar, divertir e até dormir. Á pois é, dormir. Antes de fazer a viagem, peço sempre a sorte, para que quem compartilhe o quarto comigo poupe-me destas cenas:

1º Não ressone
2º Não cheire mal
3º Não seja louco (literalmente)

Parece mal, eu dizer isto mais é importante, se ressonar não vou conseguir dormir, se cheirar mal não vou conseguir respirar, se for louco, bom ai já tenho estratégia, “para um louco, louco e meio”. Á pois é!

Do programa da viagem faz obviamente parte a pratica de Ski. Amigos, eu nunca esquiei, mas já estou preparada, informei-me sobre o Manual de Principiante de Ski.

1º Equipar-se como um boneco da Michellin e quanto mais colorido for o fato melhor. Em caso de avalanche pode ser que dê nas vistas.

2º Preparar a traseira do fato com uma almofada. Vai ter muita utilidade.

3º Calçar os Skis numa zona plana. Essencialíssimo.

4º Preparar-se para iniciar a pratica facílima que é Esquiar e começamos assim: Ski bunda, Ski quase que parti a carola, Ski ai que partia um braço, Ski quase que saltaram os dentes, Ski que me parto todo.

5 º Ao final do 5º dia está lá, todo partido, dorido, mas já anda 2 metros sem cair.

Eu por mim, fazia esta viagem doutra forma. Eu num bungalow daqueles feitos de madeira, sentada a beira da lareira, um bom copo de vinho madeira, a ver a neve lá fora e muito bem acompanhada. É só o que eu me lembro quando penso em neve. E vocês?

Mas como diz o ditado. Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque. Até a volta.

quinta-feira, 1 de março de 2007

Bem vindos a Paris

Já tinha passado algum tempo desde a última vez que ela o vira, parecia mais alto, estava moreno e principalmente feliz.
Encontravam-se no terminal das malas, mas ela estranhara o facto de ainda não o ter visto, o mas certo era terem vindo no mesmo voo.
Ele aproximava-se para a cumprimentar, olhava-a nos olhos como a dizer não me fujas. Ela sentia o coração a bater cada vez mais rápido, e as malas que não chegavam. Sentia-o cada vez mais perto, o telemóvel toca, que sorte pensa ela, ganhou mais uns instantes.
Mas ele não se atrapalha, avança devagar como que a sonda-la, aproxima-se dela e beija-lhe a face. Ela afasta-se e faz-lhe sinal que está ao telemóvel.
Ele entende, mas não se detém, aproveita este momento vulnerável dela e abraça-a. Ouve-a a gaguejar, fala de uma reunião, diz que chegou bem.
A voz dela, que saudades da voz dela. Ele encosta a face ao seu pescoço, sente o seu perfume é o mesmo de sempre. Afinal como ela sempre dizia, era fiel ao seu perfume, e como ele adorava isso nela. Já por varias vezes esse aroma o enganara. Pensava estar na presença dela sempre que o sentia.
Já estava com o pensamento no passado, quando sentiu ela afastar-se.
Olhou para ele nos olhos, sorriu. Soltou um frio: - Olá tudo bem. Ao qual ele respondeu, que sim. Ficaram em silêncio, ele sorria, ela desvia o olhar para a passadeira, que entretanto já começara a distribuir as malas.
Ele admira-a tanto, tinha um fascínio por este lado frio dela, super controlada. Sabia sempre o que dizer, ela deixava-o inseguro, desesperado, sem chão, mas ao mesmo tempo, fazia-o sentir bem, dono do mundo. Para isso bastava olha-lo sem aquela dureza toda. E era isso que esperava agora, que essa dureza desaparecesse num olhar meigo, num sorriso sentido.

Ela corta o silêncio, perguntando o que fazia ele em Paris naquela altura do ano. Ele sorri, e diz-lhe que vinha a procura dela. Ela finalmente sorri de verdade, as pequenas graças dele sempre a fizeram sorrir. Volta-se para ele:
- Não mudaste nada!
- É verdade, tento não mudar, quero continuar o mesmo por quem te apaixonaste.
- Como é possível, que toda a vez que nós encontramos, tocas nesse assunto. Já se passaram anos.
- Do mesmo modo que ainda é possível eu querer-te.
- Deixa-te disso, tenho de ir, a minha mala já chegou.
- Vai, não te prendo mais, mas ao menos dá-me um beijo. Diz que estás contente por me ver.
- Para de pedinchar eu não te pertenço.
- Ainda não!
Ela agarra a mala com toda a rapidez que pode, volta-se para ele e sorri, detesta quando ele tem razão. Corada começa andar no sentido das portas de saída.
- Até logo. Diz ele a sorrir

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

"Um dia a maioria de nós irá separar-se" ( V.M. ou F. P.)

É certo que valorizo muito a amizade, porque para mim, é o que mais se aproxima a um amor incondicional e puro.

Recebi uma mensagem que faz parte de uma muito maior, e quis partilhar. Reparei que no mundo bloguista esta mensagem já foi mais que exibida, mas entenderão, o porque de eu a mencionar também. Há quem afirme, que a autoria do texto é de Fernando Pessoa, outros afirmam ser de Vinicius de Morais. A verdade é que parece ser deste último. Enfim, a mensagem é simples, escreve uma carta, liga a dar um olá, aparece, porque “ um dia a maioria de nós irá separar-se”.

Dedicada a cada um de vós que preenche o meu coração. Bem ajam.

Versão sms:

“ Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
A alguns deles às vezes não os procuro, nem sei porque! Mas preciso saber que eles existem.
Esta mera condição encoraja-me a seguir em frente pela vida!
Mas é delicioso que eu saiba que os adoro, embora não declare e não os procure sempre!”

Versão completa:

"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor,
eis que permite que o objecto dela se divida em outros afectos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite rivalidade.

E eu poderia suportar, embora não sem dor, que
tivessem morrido todos os meus amores, mas
enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!

Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e
o quanto minha vida depende de suas existências...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.

Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crónica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.

Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficaria tonto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigido ao meu bem-estar.
Ele é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, caí-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é
que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado,
morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo,
todos os meus amigos e, principalmente
os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os."

P.S. Muito obrigada S.B.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Ai felicidade, todos nos queremos… ( Hélder, o Rei do Kuduro)

Acordei a pensar na felicidade. Podia pensar no dia que ia enfrentar, mas não, a felicidade tomou conta dos meus pensamentos. Enquanto corria pela casa a arranjar-me para a lida laboral. Pensei na minha felicidade, no que já alcancei, e no que me falta alcançar.
Pensei nas pessoas que me rodeiam, o que faço eu nas suas vidas e o que fazem eles na minha. Dei por mim a pensar nos amigos que perdi, nos conhecidos que não passam disso, e em pessoas com as quais me cruzo todos os dias e que não passam disso, pessoas com as quais eu me cruzo todos os dias.
Lembrei-me de duas pessoas amigas que desapareceram da minha vida, por meras palavras, atitudes erradas na hora errada. Lembrei-me não porque me fazem falta, mas porque gostava de tê-las comigo no coração e não na lembrança.
Costumo dizer que custa tão pouco fazer alguém feliz, mas o mesmo acontece quando se quer pôr uma lágrima no rosto de alguém.
Já causei momentos de infelicidade a algumas pessoas, não foram muitas, mas aconteceu. De verdade sei que fiz muitas mais felizes as vezes só pelo sacrifício de estar onde não queria estar.
Mas é assim mesmo, a felicidade esta aliada ao sacrifício, a vontade e ao desejo. Temos desejo de ser felizes, temos vontade de ser felizes, mas quanto ao sacrifício bem isso é outra coisa.
As vezes dizem-me em tom desabafo: Gostava de ser assim feliz! E eu digo logo: Então sê! Atira-te de corpo e alma a esse desejo. A felicidade ocorre em momentos pontuais na nossa vida. Isso é mais que sabido. Mas construir esses momentos, requer dedicação, requer muitas vezes renúncia. Renunciar a falsas felicidades, aquela felicidade que só dura porque uma das partes está a ser iludida.
Sim existe essa felicidade também, aquela em que nós sabemos no fundo que não devia ser assim, que algo esta errado, mas ainda assim deixamo-nos levar, porque pensamos que antes assim que infeliz. Na verdade só estamos adiar a felicidade.
Já vi pessoas a mudarem de país, a mudarem a vida toda, a lutarem em prol da felicidade, que na verdade não dura para sempre, nem é igual para todos. Mas que aliada a ela, esta aquela sensação de bem-estar. Que não é felicidade, mas é uma sensação boa, a qual podemos chamar ser feliz.

A vida ensina-nos que, não devemos construir a nossa felicidade em cima da dos outros. A vida ensina-nos que, a felicidade brilha mais quando conquistada. A vida ensina-nos que, a vida é demasiado curta para a vivermos demasiado tempo na infelicidade e tão pouco tempo a lutar pela felicidade.

Ser feliz custa, mas vale bem a pena.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Check in Bem vindos a bordo

Que entrem todos, são todos meus convidados, ponham os cintos, só pelo sim, deixem o não à porta.
Serei vossa hospedeira, piloto, comandante, mecânico e médica, mas esperemos não precisar. De padre não tenho nada, aqui quem se confessa sou eu, não arregalem os olhos, o melhor está para vir.
Entretanto, chá, café ou laranjada? Quer vodka laranja? Calma amigo, estamos arrancar agora. A menina quer uma almofada? Para dormir, mas que é isto, senhorita, se for para encostar o seu belo pescoço ainda trago uma, agora dormir não. Não feche os olhos, que os filmes que aqui vão passar, são de aguçar a alma.
E o amigo que tão sorridente que esta. Contente por viajar connosco, pois acredito. O que? Deixou a sua lunática companheira lá fora, percebo, fez bem. Aqui quer-se tudo bem disposto. Cara senhora, tenha calma, já vamos levantar voo, sabe os jovens são assim, agitados, nunca tem pressa para nada ou tem pressa para tudo.
O senhor, não o conheço, é meu amigo? Não? Veio por curiosidade, mais que bom. Gosto, gosto sim senhor da sua iniciativa, só por isso vou-lhe fazer um up-grade, passa logo para ali, logo no início da cabine, para ver tudo muito bem. Muito gosto em tê-lo a bordo, esteja a vontade.
Olá, já estava a sentir a vossa falta, queria tanto que estivessem aqui, pois é amigos do peito, são assim poucos, mas sempre presentes. Sonia sei que estás ansiosa, mas já vamos descolar. Cláudia sempre tão elegante, não podias faltar. Cristina essa viagem desde o Alentejo correu bem? Agora podes descansar que as nossas cadeiras são muito boas. Mana, tenta sentar a tua malta na zona da asa é melhor, assim fazem barulho junto com o motor, ficam mais a vontade. Sim Kiki, também vamos para sítios de praia e muito sol como tu gostas. Jorge esse computador só pode ser ligado depois. Simão cá vamos nós para mais uma viagem. Acho que estamos todos não é? Não, não estamos, falta o Gonçalo e o Ysu. Entram na próxima escala, óptimo, eles fazem falta.

Senhores e senhoras bem vindos a bordo a nossa viagem começa hoje, e só a nossa imaginação dirá quando termina.