segunda-feira, 21 de maio de 2007

Podias construir


Sonhas com o que queres, acreditas nos teus princípios. Nasceste, cresceste, estudaste, aprendeste, rezaste, ajudaste, lutaste…aste.

Convenceste-te que é assim que se ganha na vida “ a jogar pelas regras”. Que quem com bom coração planta, com bom coração colhe. Riu-me, mas contenho me e continuo.
Passam os dias, passam os anos, e tu ali com os sonhos por realizar. Vejo-te a modelares a madeira da tua cruz, que já esta quase perfeita. Vais lixar até a madeira ficar macia, e será que te vais dar ao trabalho de a envernizar? Calculo que sim. Já me esquecia, estas a preparar-te para á carregares também.
Corres sem olhar para o tempo, o tempo está a gozar de ti. E tu deixas que te gozem?! claro que sim. O tempo não o faz por mal, respondes tu.

Pois eu digo-te. O tempo é sábio e como todos os sábios está a espera do momento, o tal do assalto final, para te dar a lição. E perguntas se vai doer, olho para ti e riu-me. É claro que vai doer.
Olhas para mim com desprezo ou será medo. Abre bem os olhos, quero olhar através deles, quero ver se é desprezo ou medo. Não estou aqui para te criticar se é desprezo estou de saída e fecho bem a porta. Mas se é medo vou sair a mesma, mas deixo a porta aberta, quero que vejas o que há para lá dela. Que ouses desafiar. Afinal, nasceste, cresceste, estudaste, aprendeste, rezaste, ajudaste, lutaste…aste. E desafiaste? Não? sim?.
Aí os bons princípios, dizes tu. E eu riu-me. Os bons princípios, queres mesmo falar deles. Senta-te que eu vou te falar ao ouvido, assim as minhas palavras não farão eco.
Os bons princípios de que tu tanto falas são: o bom dia, o como esta, o deixa-me ajuda-lo, o eu faço por ti, o beijo de boa noite. Os bons princípios que tu falas são esses. Mas eu vou sussurrar-te outros. O princípio da consciência, o princípio da dor, o princípio do Amor, o princípio do fim.
Do princípio da consciência, entendes que a tens, e que quando ela carrega no alarme deves fugir. Se a consciência te pesar é porque deves, porque agiste em proveito próprio. E sabes que mais, as vezes não faz mal. E as vezes é necessário. As vezes.
Do princípio da dor, esse conheces bem. Já te ouvi, resmungar, que não te larga, a dor. A dor de sentir fisicamente o que os sentimentos são. Também faz falta, mas é uma cadeira que só devias ter feito uma vez, no entanto tens lá o teu nome gravado na carteira dessa escola que nunca te aprova.
Do princípio do Amor, decidi agora não falar sobre isso. Não vim para acarinhar-te, queria ouvir-te e quem acaba por falar sou eu. Por isso vou saltar a parte boa, a parte do amor. Eu sei gostas do Amor. A M O R, é uma palavra fácil de pronunciar. E tão cheiinha de coisas, o amor é cheio de coisinhas e tudo inhas.
Prefiro antes falar-te do princípio do fim, que se avizinha todos os dias e tu ainda assim acreditas no princípio e não no fim. Há sempre um fim para tudo. Devias acreditar nisso e mais, devias desenhar o fim. Como? perguntas tu. Primeiro devias atravessar aquela porta e depois devias viver.
Viver a construir cada minuto, sim a construir. Tijolo a tijolo, escada a escada, amor a amor, montanha a montanha. A construir o que quer que desejas, devias construir e largar essa cruz com quem namoras. Esse namoro não te faz bem, sei que não. Sai para a vida e vai construir cada minuto.


Que o tempo está a olhar para ti e ele é sábio.

2 comentários:

  1. Qual será o peso de cada cruz?ninguém sabe cara amiga.
    Mas enquanto ela ainda não pesa e está apenas pregada na parede esperando por nós,temos que aproveitar.Mesmo que seja a dor,podemos tirar partido dela para perceber afinal que a vida é mesmo assim.Nós, seres humanos construimos o que queremos pois também destruimos.
    um abraço de incentivo para continuares

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  2. Já Fernando Pessoa dizia "Pedras no caminho? Guardo todas um dia vou construir um castelo"

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