quinta-feira, 1 de março de 2007

Bem vindos a Paris

Já tinha passado algum tempo desde a última vez que ela o vira, parecia mais alto, estava moreno e principalmente feliz.
Encontravam-se no terminal das malas, mas ela estranhara o facto de ainda não o ter visto, o mas certo era terem vindo no mesmo voo.
Ele aproximava-se para a cumprimentar, olhava-a nos olhos como a dizer não me fujas. Ela sentia o coração a bater cada vez mais rápido, e as malas que não chegavam. Sentia-o cada vez mais perto, o telemóvel toca, que sorte pensa ela, ganhou mais uns instantes.
Mas ele não se atrapalha, avança devagar como que a sonda-la, aproxima-se dela e beija-lhe a face. Ela afasta-se e faz-lhe sinal que está ao telemóvel.
Ele entende, mas não se detém, aproveita este momento vulnerável dela e abraça-a. Ouve-a a gaguejar, fala de uma reunião, diz que chegou bem.
A voz dela, que saudades da voz dela. Ele encosta a face ao seu pescoço, sente o seu perfume é o mesmo de sempre. Afinal como ela sempre dizia, era fiel ao seu perfume, e como ele adorava isso nela. Já por varias vezes esse aroma o enganara. Pensava estar na presença dela sempre que o sentia.
Já estava com o pensamento no passado, quando sentiu ela afastar-se.
Olhou para ele nos olhos, sorriu. Soltou um frio: - Olá tudo bem. Ao qual ele respondeu, que sim. Ficaram em silêncio, ele sorria, ela desvia o olhar para a passadeira, que entretanto já começara a distribuir as malas.
Ele admira-a tanto, tinha um fascínio por este lado frio dela, super controlada. Sabia sempre o que dizer, ela deixava-o inseguro, desesperado, sem chão, mas ao mesmo tempo, fazia-o sentir bem, dono do mundo. Para isso bastava olha-lo sem aquela dureza toda. E era isso que esperava agora, que essa dureza desaparecesse num olhar meigo, num sorriso sentido.

Ela corta o silêncio, perguntando o que fazia ele em Paris naquela altura do ano. Ele sorri, e diz-lhe que vinha a procura dela. Ela finalmente sorri de verdade, as pequenas graças dele sempre a fizeram sorrir. Volta-se para ele:
- Não mudaste nada!
- É verdade, tento não mudar, quero continuar o mesmo por quem te apaixonaste.
- Como é possível, que toda a vez que nós encontramos, tocas nesse assunto. Já se passaram anos.
- Do mesmo modo que ainda é possível eu querer-te.
- Deixa-te disso, tenho de ir, a minha mala já chegou.
- Vai, não te prendo mais, mas ao menos dá-me um beijo. Diz que estás contente por me ver.
- Para de pedinchar eu não te pertenço.
- Ainda não!
Ela agarra a mala com toda a rapidez que pode, volta-se para ele e sorri, detesta quando ele tem razão. Corada começa andar no sentido das portas de saída.
- Até logo. Diz ele a sorrir

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