quinta-feira, 26 de abril de 2007

Difícil

- Sabes o que é difícil, sabes lá tu. Difícil é achar uma agulha num palheiro.
- Tu já procuraste uma agulha num palheiro?
- Não.
- Então não é difícil. Não é difícil, porque não experimentaste.
- Ai sim, então diz lá o que é difícil.
- Difícil é beber 100 cervejas e não ficar bêbado. Isso é que é difícil.
- Ah ah ah, pois é. Mas tu nunca bebeste 100 cervejas de uma vez, portanto também não podes dizer que é difícil.
- Hum, quem disse que eu nunca bebi tanta cerveja.
- Digo eu, que estou quase sempre contigo nas noitadas.
- Olha difícil, é andar na chuva sem chapéu e sair dali sem se molhar.
- Olha, olha, essa também eu. Tens que dizer uma mais difícil.
- Porque?
- Ora, porque essa é demasiado lógica.
- Esta bem…hum difícil, difícil é fumar uma ganza e não ficar ganzado.
- Ah ah ah, isso não é difícil. A isso chama-se a caminho da moca.
- É pá que tu és mesmo parvo, então diz lá uma difícil.
- Difícil, difícil, é eu atirar-me dum penhasco de 200 metros de altura, com pedras lá no fundo, com silvas, e vidros e sair dali sem um arranhão.
- Pois era, mas sabes, acho que isso é mesmo difícil, porque o mais fácil era nem saíres dali vivo.
- Ai isso era, mas olha que mais difícil era depois de morto ir para o céu. Ah, ah, ah…
- Ah, ah, ah, …
- É pá vocês são capazes de se calar com essa conversa, daqui a pouco digo vos eu, o que é mesmo difícil.
- Diz lá o que é.
- É atravessar a pé, a ponte 25 de Abril, ás 4 da manhã com a bebedeira que vocês os dois estão. E ainda por cima morarem em Odivelas e terem gasto o dinheiro todo nas bebidas. Querem experimentar?
- Não deixa estar, essa é mesmo difícil.

(1 ford, 3 moças, 2 moços e duas grandes bebedeiras numa madrugada )

quarta-feira, 11 de abril de 2007

É uma trama de vida

03h00 – Olho novamente para o relógio. Que tortura. Fecho os olhos.
03h30 – Devia dormir. Assim vou chegar com uma cara de meter medo ao susto.
04h45 – Falta pouco, mas ainda dá para descansar uns minutos. Fecho os olhos novamente.
05h15 – Tenho tudo arrumado não falta nada, mas sinto que falta tudo. O alarme não tarda nada esta a tocar.
05h29 – Que vida a minha, falta um minuto. É melhor pular da cama.
05h35 – Tomo banho, deixo a água escorrer pelo corpo, e peço que me lave a alma, mas isso demoraria muito tempo, e também muito gel. Deixo-me de tretas e saio do chuveiro.
06h10 – Tenho um voo a minha espera, não posso dormir em pé, tenho de ir. Odeio esta viagem até ao aeroporto. Quantas mais vezes a faço, mais me custa. Estou-me a torturar, tenho de tirar estes pensamentos da minha mente.
07h00 – Tanta gente, este check-in esta apinhado. Posso sempre desistir. Posso sempre voltar para trás. Mas seria cobarde e isso não sou, pelo menos nem vontade para o ser tenho.
07h30 – Olho para as escadas da sala de embarque, tenho de subir. Apresento o BI ao guarda de serviço. Ele olha e sorri, deseja-me boa viagem. Queria antes que ele dissesse “Volta para casa pá, o que é que vais para lá fazer”. Mas não, sinaliza com mão para onde devo seguir. Tão simpático, penso eu. Mas nem a sua simpatia me vai fazer sorrir.
08h00 – Estou dentro do avião, olho para fora, vejo o mar, vejo gente na varanda do aeroporto. Uns choram, outros sorriem. A mim não me apetece sorrir, e chorar seria compreensível, mas mesmo assim embaraçoso.
09h25 – Desembarco em Lisboa. Voltei, coloco o resto da armadura, o combate está a minha espera, na saída das partidas. Respiro fundo e abro os olhos.


Ontem apertei o relógio para ter tempo para todos. Telefonei a quem pude, despedi-me pelo telefone, estive com aqueles que consegui.
Chorei sem lágrimas, pelo momento que vivo. Estou insatisfeita, o ombro amigo ouviu-me e deixo-me falar, não me disse que estava certa nem errada, deixou-me chorar sem lágrimas.
Odeio chorar sem lágrimas, é mais difícil. É saber que, quer chore ou não, o que falta fazer continua por fazer. Esta ali a olhar para mim, como se eu fosse uma criança birrenta. - Ná, ná nana, olha o bebé a chorar! Goza-me o medo com sua irmã a frustração.
Olho para o copo, olho para a noite, olho para quem esta a meu lado e penso que mais posso pedir. Não, não chega, só viver de momentos não chega. Esta na altura de fazer escolhas, de vestir a armadura já gasta de outras batalhas e lutar.
Ergo o corpo, e cumpro o meu destino. Peço que a estrada não acabe, enquanto está durar, o tempo vai ter de se conter.
Chego e despeço-me do luar. Mas porquê, que nas despedidas, normalmente o dia esta radioso ou a noite está deslumbrante. Dava jeito que chovesse era mais dramático, mas teatral.
Vou me deitar e choro novamente sem lágrimas, estou de novo a partir. Deixo para trás a promessa de uma vida que não vivo, mas que me parece ser sempre melhor. É aquele recanto que eu sei, que aconteça o que acontecer, será bom voltar.
Fico dividida entre a razão e o coração. Penso no meu trajecto de vida e questiono-me se é assim que quero estar. Viver com um pé de cada lado da linha. Exausta adormeço.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Los que comentam ( acho que é assim que se escreve)

Caros amigos e leitores da bloglândia,

Venho por este meio agradecer, não só o número de visitas como também o número de comentários.
Pelo número de comentários? Perguntam vocês, mas são tão pouquinhos. Pois é, são poucos mas bons, e representam minutos gastos a pensar, a gastar calorias e no fim para dizerem que gostaram, que discordam ou até que ficam a espera de mais. O meu muito obrigado.

Mas e há sempre um mas, queria pedir que não me enviassem comentários sobre o que lêem, para os e-mails do trabalho ou mensagens para o telemóvel. Fico sempre tentada a responder e quando não o faço sinto-me culpada. A não ser que seja mesmo um segredinho (e vocês sabem que nesse caso tem mesmo de ser), estejam a vontade para comentar aqui. É mais fixe, motiva-me, e sempre me põem um sorriso na cara …ou não.

Falando de exemplos mais concretos o texto “ Tentação senhora do meu prazer” suscitou muita empolgação, e eu compreendo. Gostam de festa, se eu não vós conhecesse. E sei que estão a espera de mais “sem vergolhice” da minha parte. Sabem muito, querem ver se me apanham. Mas vamos devagar.
Recebi comentários, desde a facção mais liberal, a mais conservadora. Sim, é verdade também ouvi sermões a conta dele. Mas os comentários não aparecem aqui, pois só a Las Vegas comentou, o resto do pessoal divertiu-se a mandar-me mensagens para o telelé. Sejamos bondosos e venham também aqui partilhar a vossa luxúria. Santinhos!

Por falar neste texto, quero agradecer ao senhor ou menino (espero mesmo que tenha sido um senhor ou menino, pois no feminino custa-me aceitar a ideia), que enviou os morangos e a garrafa de champanhe para o meu trabalho, foi lindo mas o cartão só dizia “ saboreámos” e mais nada. Foi um gesto simpático e anónimo. Gostei da gracinha original, mas como devem calcular tive de comer e beber sozinha ou quase sozinha. E já agora aproveito para dizer que também gosto de Jaguares. Quem sabe não me aparece um a porta de casa.


Bem ajam!