quinta-feira, 31 de maio de 2007

Elevador


- Um beijo.
- Um beijo?
- Sim um beijo, daqueles que me davas pela manhã.
- Desses não podem ser.
- Porquê?
- Porque, não pode.
- Quero saber porquê.
- Porque fazem me lembrar quem tu és, e o quanto…
- O quanto…?
- Tu sabes.
- Eu sei? Não, não sei, diz-me
- O quanto eu te queria.
- Querias…e agora?
- E agora não há desses beijos.
- Isso dizes tu. Quando te apanhar logo a noite e vai ser no elevador.
- Vai ser o que?
- Que eu vou te beijar.
- Não sejas louca.
- E acho bom que arranjes maneira de entrar no elevador sozinho.
- Mas que ideia é essa. Eu preciso de chegar apresentável.
- São as saudades!
- Saudades, mas ainda ontem estivemos juntos.
- Sim, mas não houve beijos.
- E hoje tem de haver.
- Sim
- Porque?
- Porque me fazem lembrar quem tu és e o quanto…
- E o quanto…diz!
- Tu sabes.
- Não, não sei e não desligues a chamada.
- Até logo, elevador não te esqueças, beijo.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Chá das cinco

"- Miga e ele?
- Não disse nada e eu estou a aguentar, sem lhe dizer nada também.
- Acredito que sim, eu já tinha mandado uma mensagem.
- De verdade estou desiludida com ele, mas começo a perceber que há muita gente assim. Que não é coerente que nunca sabes o que vão fazer a seguir. Não se trata de serem imprevisíveis, mas sim de não terem um caminho. Não têm consciência moral, só se preocupam com eles próprios e os outros só contam se por alguma razão contribuírem para o que querem.
- Acho que tens razão, mas sabes amiga, infelizmente essa é uma das grandes diferenças entre os homens e as mulheres. São todos assim.
- Amiga eles também se queixam, quando lhes toca a eles.
- Só quando se apercebem que estão na corda bamba aí andam connosco ao colo se for preciso.
São uns despassarados, nem estão nem aí..... o Luis é igual, o José é igual, o meu primo é ainda pior. Sei lá....todos os gajos que conheço têm me decepcionado. São assim (homens), temos maneiras tão diferentes de pensar que por vezes, fico abismada com as conversas deles.
- Pois é amiga.

- Sabes o que mais me chocou ouvir de um paciente homem...
- Começo a pensar que quanto mais os conheço mais me assustam.
- Ate hoje...e já outros confirmaram o mesmo que o facto de nós estarmos bem vestidas ou bem maquilhadas é um sinal para eles "saltarem-nos em cima” e acham que se nós, não lhes dermos trela que somos umas grande convencidas e que só queremos gozar com eles. Eu fiquei pasmada! Disse ao paciente. “Já pensou que, nós podemos gostar de nos arranjar bem.....faz-nos sentir bem e com auto estima, não têm necessariamente que ser com o intuito de sedução”.
- Há muita falta de consciência moral, o que vale é que a vida dá muitas voltas.
- Homens. “ Can’t live without, can’t live with ”
- Yeah.
- Mas eu gosto deles.
- Impossível não gostar."

P. S. Nada contra, nada a favor, manifestem-se livremente. Beijo

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Podias construir


Sonhas com o que queres, acreditas nos teus princípios. Nasceste, cresceste, estudaste, aprendeste, rezaste, ajudaste, lutaste…aste.

Convenceste-te que é assim que se ganha na vida “ a jogar pelas regras”. Que quem com bom coração planta, com bom coração colhe. Riu-me, mas contenho me e continuo.
Passam os dias, passam os anos, e tu ali com os sonhos por realizar. Vejo-te a modelares a madeira da tua cruz, que já esta quase perfeita. Vais lixar até a madeira ficar macia, e será que te vais dar ao trabalho de a envernizar? Calculo que sim. Já me esquecia, estas a preparar-te para á carregares também.
Corres sem olhar para o tempo, o tempo está a gozar de ti. E tu deixas que te gozem?! claro que sim. O tempo não o faz por mal, respondes tu.

Pois eu digo-te. O tempo é sábio e como todos os sábios está a espera do momento, o tal do assalto final, para te dar a lição. E perguntas se vai doer, olho para ti e riu-me. É claro que vai doer.
Olhas para mim com desprezo ou será medo. Abre bem os olhos, quero olhar através deles, quero ver se é desprezo ou medo. Não estou aqui para te criticar se é desprezo estou de saída e fecho bem a porta. Mas se é medo vou sair a mesma, mas deixo a porta aberta, quero que vejas o que há para lá dela. Que ouses desafiar. Afinal, nasceste, cresceste, estudaste, aprendeste, rezaste, ajudaste, lutaste…aste. E desafiaste? Não? sim?.
Aí os bons princípios, dizes tu. E eu riu-me. Os bons princípios, queres mesmo falar deles. Senta-te que eu vou te falar ao ouvido, assim as minhas palavras não farão eco.
Os bons princípios de que tu tanto falas são: o bom dia, o como esta, o deixa-me ajuda-lo, o eu faço por ti, o beijo de boa noite. Os bons princípios que tu falas são esses. Mas eu vou sussurrar-te outros. O princípio da consciência, o princípio da dor, o princípio do Amor, o princípio do fim.
Do princípio da consciência, entendes que a tens, e que quando ela carrega no alarme deves fugir. Se a consciência te pesar é porque deves, porque agiste em proveito próprio. E sabes que mais, as vezes não faz mal. E as vezes é necessário. As vezes.
Do princípio da dor, esse conheces bem. Já te ouvi, resmungar, que não te larga, a dor. A dor de sentir fisicamente o que os sentimentos são. Também faz falta, mas é uma cadeira que só devias ter feito uma vez, no entanto tens lá o teu nome gravado na carteira dessa escola que nunca te aprova.
Do princípio do Amor, decidi agora não falar sobre isso. Não vim para acarinhar-te, queria ouvir-te e quem acaba por falar sou eu. Por isso vou saltar a parte boa, a parte do amor. Eu sei gostas do Amor. A M O R, é uma palavra fácil de pronunciar. E tão cheiinha de coisas, o amor é cheio de coisinhas e tudo inhas.
Prefiro antes falar-te do princípio do fim, que se avizinha todos os dias e tu ainda assim acreditas no princípio e não no fim. Há sempre um fim para tudo. Devias acreditar nisso e mais, devias desenhar o fim. Como? perguntas tu. Primeiro devias atravessar aquela porta e depois devias viver.
Viver a construir cada minuto, sim a construir. Tijolo a tijolo, escada a escada, amor a amor, montanha a montanha. A construir o que quer que desejas, devias construir e largar essa cruz com quem namoras. Esse namoro não te faz bem, sei que não. Sai para a vida e vai construir cada minuto.


Que o tempo está a olhar para ti e ele é sábio.

terça-feira, 15 de maio de 2007

O voo de HOJE

Hoje queria ver-te.

Hoje queria tocar-te.

Hoje queria beijar-te.

Hoje queria que escolhesses um destes meus desejos, porque hoje queria fazer acontecer, mas não me sinto com poder. Há dias assim em que sinto o limite da minha humanidade. Há dias em que perco a luz e sinto que vou a caminhar para o oposto.
Olho para o tempo e vejo escoar-se nas minhas mãos, que já não têm a consistência que conhecia. Deixo o tempo fugir, sinto-me frustrada.
Penso, quando olho para mim “eu não sou assim”. E vejo-me de uma forma surreal como os quadros de Dali. Creio ser de facto uma figura dos seus quadros, quero fugir, mas quando tento, o meu corpo move-se lentamente, e vai se espalhando pelo espaço. As cores a minha volta são duma beleza estranha, quase que consigo tocar-lhes.
Vejo um relógio ao fundo. São 14h00 ou serão 10h00, o relógio escorre parece feito de água. Choro, as lágrimas escorrem-me pelo rosto, caem-me no peito e desaguam no chão. Água vai buscar mais água, um lago nasce a minha volta. “Não pode ser”, digo “ como é possível”. Fico sem resposta.
Estou assustada, não sei o que fazer, vejo uma porta, corro para ela. Agora consigo correr, que estranho. Quanto mais corro, mas me parece distante. Não consigo alcança-la, finalmente admito. Cansada, rendida, ferida, observo-me como se fosse um mendigo e soluço “nada do que tenho é valioso”. Nada servirá de moeda de troca.
Começo por deixar cair os joelhos, em seguida espero que o resto do corpo, siga esse movimento, quero deitar me no chão. Quero sentir que cheguei ao fim e que já não há limite. Agora tudo é possível. Como nos quadros de Dali, tudo é possível.

Hoje quero que escolhas um dos meus desejos e que por mim o tornes realidade. Porque hoje sinto que o limite da minha humanidade tomou conta de mim.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

You're just too good to be true ( ou não)

Meto na cabeça que tenho de ir para lá e saio de casa. É tão tarde mas não interessa. Vou lá ter a mesma, enquanto conduzo esqueço tudo, fico dormente, paro os pensamentos, desligo. Admiro as luzes da noite, como eu gosto desta estrada, se houver um caminho para o paraíso não me importo que seja parecido com este. Deixo a brisa entrar no carro, o meu cabelo move-se consoante a ondulação do vento. Arrepio-me, está frio, mas não interessa, (o frio é psicológico).
O cd dança e oiço Elvis Presley e não consigo conter um sorriso de satisfação adoro o Elvis. Ele canta e eu canto com ele:

“Were caught in a trap
I can’t walk out
because I love you too much baby

We can’t go on together
With suspicious minds
and we can’t build our dreams
on suspicious minds”

As lágrimas ameaçam surgir, lembrei-me de um jantar com vista para o mar, ali mesmo naquele restaurante. Bons tempos, com um sabor de doçura. É passado penso e sacudo os ombros, para afastar essa lembrança.
Já falta pouco, entretanto gritam os Hanson e eu quero gritar com eles:

“Wont you save me?
Save is what I need.I
just want to be,by your side.
Wont you save me?
I don’t wanna be,
just drifting through this sea
of life.”

Assim é que é, penso eu ou melhor assim é que deveria ser. Já cheguei, saio do carro encosto-me a ele, respiro fundo. Olho para o mar e para a lua espelhada nele, sabem mais do que eu. Conhecem-me e sabem que este encontro já estava a demorar. Mas cá estou eu para me confessar e para ouvir a minha sentença. Vou rebuscar os meus receios, as minhas ambições, os meus desejos, espalho-os a todos no tapete imaginário. Estou aqui, mais uma vez a procura de paz, de respostas, de magia, estou aqui. Reflicto, medito, relaxo. Sou forte digo sem voz.
Deixo a brisa, envolver-me, fecho os olhos e sorrio, já posso voltar.

O cd dança de novo, é o Frankie Valli, vamos a isso Frankie:

“You're just too good to be true.
Can't take my eyes off you.
You'd be like Heaven to touch.
I wanna hold you so much.
At long last love has arrived
And I thank God I'm alive.
You're just too good to be true.
Can't take my eyes off you.”

Assim é que deveria ser Frankie. E lá vou a caminho de casa pela mesma estrada mágica, com o Frankie e eu a gritar “ You’re just too good to be true…ai ai ai.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Aperta-me o coração

Estou apaixonada e mais não consigo dizer.

"Quando os meus olhos te tocaram
Eu senti que encontrara
A outra metade de mim
Tive medo de acordar
Como se vivesse um sonho
Que não pensei realizar"


" Quando eu te falei de amor." André Sardet