- Acredita em mim, eu já os vi juntos mais que uma vez. Não chores ou melhor chora. Deita tudo cá para fora.
- Mas porquê? Viste a gaja toda vermelha. Deve ter sido cá uma coisa. Mas porquê? Logo ela.
- Oh eu sei lá porquê! É a vida Ana, é a vida.
- Eu fiz tudo por ele.
- Talvez não o suficiente.
- Que queres dizer?
- Sei lá. Quem sou eu para te dizer seja o que for. Talvez pensasses que ele era perfeito. Ele nunca foi, nem será perfeito. Nem tu, nem eu.
- Filosofia! Tens sempre essas frases para dizer.
- Estou a melhorar, olha a minha veia de psicoterapeuta. Ana, já chega, anda para frente, para o lado, para onde tu quiseres, mas sai desta casa de banho que há mais pessoal que precisa dela.
- Porquê, mas porquê eu.
- Porque és linda, inteligente, forte e tu mais que ninguém consegues ultrapassar isto. Deixa-me limpar a tua cara. Credo, estás mesmo feia, não gosto quando choras maquilhada.
- Achas que foram para a cama mais vezes?
- Não sei.
- Sabes sim. Tu sabes, tu topas essas cenas á milhas.
- Bem cama, cama não sei, mas no outro dia saíram da garagem juntos.
- Aquela filha da p…
- E ele é o que?
- Ele é …ele vai ter das boas. Vou sair daqui, direitinha aquele nariz e partir-lho.
- Eu se fosse a ti não fazia isso.
- Tens razão, uma joelhada no abono é mais justo.
- Olha e vais descalça?
Ana sai disparada em direcção ao João, dá-lhe uma joelhada e na volta atira-se a Barbara e aperta-lhe as mamas de silicone.
- Seus c… de m…, agora vão f… para o inferno. Anda uma mulher a tentar ser uma senhora. E estes c…de m…, a darem me cabo da vida.
- Ana tem calma. Vamos embora.
- Deixa-me Sara, deixa-me que eu vou-me a eles.
- Amiga vamos, já fizeste escândalo suficiente.
- Fiz, não fiz, e eu sou uma senhora.
- Pois és, se bem que uma senhora também perde a cabeça e neste caso tens razão.
Arrastei-a para fora do restaurante. E fiz sinal para nós deixarem sós.
- Eu apertei as mamas dela.
- Eu sei, que cena marada.
- Sempre me fizeram confusão, sempre apontadas para o céu.
- Estás melhor?
- Sim bem melhor.
- Calça-te. Ganda maluca apertaste as mamas dela, de onde foste buscar essa.
- Não sei, mas parece-me que ninguém vai esquecer esta festa.
- Ai não vão mesmo. Foi o vosso aniversário de casamento mais divertido. Desculpa!
- Não te desculpes, eu achei o máximo e amanhã atiro com as roupas dele pela janela. Queres ir tomar chá para assistires.
- Amiga, não perco essa.
- Obrigada.
- Sempre as ordens.
Ficamos sentadas a ver o pôr-do-sol no guincho. A Ana soltava um suspiro de vez enquando. Parecia calma e quase que ia jurar que aliviada.
- É a vida Ana, é a vida.
- Filosofia! Tens sempre essas frases para dizer.
- É a vida.