sábado, 21 de março de 2009

Lilás

Num ritmo que me prepara para a noite, tomo o meu banho. A água recebe uma mistura de aromas, menta, canela, rosa, o meu olfacto dispara, cola-se a minha pele a mistura destes aromas e a maciez da água. Salto do banho para o quarto não posso demorar neste ritual, lanço no corpo uma nuvem de óleo, quero ser seda esta noite.
O vestido já esta preparado, lilás da cor do meu perfume. Desliza e assenta como uma segunda pele. Os saltos altos, adequados confortáveis, final perfeito das minhas pernas.
O meu cabelo ora rebelde, agora domado descai caracóis pelo pescoço e ombros, fica assim. Não esqueço os brincos, pequenos brilhantes e as pulseiras.
Não me maquilho muito, apenas o preto habitual nos olhos e o brilho nos lábios, não preciso de mais. Estou pronta.
Chego e ele já lá esta, ele e uma multidão aos gritos. Atravesso a sala, a multidão afasta-se o meu lugar é mesmo a sua frente. Sento-me servem-me champanhe e ele começa.

Faz muito tempo que eu, venho a bater na porta do teu coração mas tu, finges que não estas a ouvir, miúda tu não queres abrir. Se ao menos tu desses conta, de todas as vezes que eu faço uma insinuação, que tu, és a mulher para mim, a flor mais bela do jardim. Pois eu estou morrendo de paixão. Não quero cair na ilusão, dá-me a tua mão, tu és solução. Não diz que não...


Fez me sorrir preparou-se bem, tou a ver que não vou ter saída. Ele olha para multidão e grita:

Ela é gatuna. Esta a roubar meu coração. Entra na minha mente sem autorização. Rouba milhões de beijos. Rouba milhões de amassos. Não dá tempo sequer pra eu me defender.

Fico sem jeito, tenho a sensação que ele não esta feliz e a multidão solidariza-se com a dor dele. E cantam juntos:

Mas onde é que eu estava com a cabeça. Quando disse que não quero mais, onde é que eu estava com a cabeça. Quando disse que não te amava mais. Mas onde é que eu estava com a cabeça. Quando eu disse vá, me deixa em paz. Se dor matasse, baby, já estava morto? Eu já estava morto? Só de saber que já, não sou eu quem beija tua boca. Te ama até de manhã ou até te deixa louca.

Baixo a cabeça, resigno-me a sinceridade de todas aquelas palavras, vêm as lágrimas aos olhos e decido sair dali. Levanto-me, viro-lhe as costas e ele grita:

Não vou aguentar, ficar longe de ti. Não vou conseguir, pois eu fui feito só pra ti. Não vou nem tentar, pois a solidão me vai tomar. Não vai embora, faz de mim o que tu quiseres...

Ficas?

A multidão grita fica fica fica… E eu fico.

Uma noite especial, com um cantor muito mas muito sensual, Anselmo Ralph (recomendo), estou rendida a uma voz que arrepia, a um rebolado que nem consigo comentar. Sabem aquele sorriso que vai de Nova York a Los Angeles foi assim que eu fiquei.

Beijo com sabor a estrelas.


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