- Que estás aqui a fazer?
- Vim falar contigo.
- Agora não dá.
- Agora dá, vai ter que dar.
- Mas amor!
- Mas amor porra nenhuma! Porquê esse ar de espanto. A pois, desculpa uma senhora não diz porra. Pelo menos não dizia.
- Disseste que estava tudo terminado, foste tu que decidiste. E agora porque estás assim?
- Porquê? Porquê? Porque não me largas, porque não me deixas. Estás colado a mim, na minha pele, na minha memória. Agarras-me como se o ontem fosse o hoje. Ainda não percebeste que já acabou. Ao fim deste tempo, depois de tantos momentos sem ti, percebo que ainda não percebeste. Eu já não te pertenço. Amei-te de forma diferente. Respirava-te, acariciava-te, mimava-te como a ninguém. Dei de mim e quis dar mais do que é humanamente possível. Os teus defeitos, a tua ignorância, a tua arrogância eram perdoáveis. E eu que não perdoo. Descobri que não me perdoo, por ter te dado a mim. A mim. Sai de mim. Quero apagar de mim o que me une a ti. Essas lembranças de momentos que me prendem aos cheiros, as cores, as emoções. Desaparece, mas desaparece de mim.
- Não sei o que é isso.
- Não sabes eu elucido-te. Desaparecer de mim, quer dizer, tira de mim o sabor dos teus beijos, isso mesmo. Tira de mim, o toque da tua pele. Tira de mim o desejo de te ter. Tira de mim essa ilusão de que a teu lado estou bem. Porque a meu lado não esta nada. Nada. Enquanto tu fores o meu presente, não és nada. Tenho de conseguir tirar-te de mim, para seres alguma coisa.
- Não percebo o que dizes! Mas nós estávamos tão bem.
- Bem? Se estávamos bem. Então eu quero estar mal. Sim mal, agoniada, magoada, lixada, fodida, quero estar assim. Porque se bem é estar assim. Então prefiro estar mal. Pelo menos assim sei como estou, não vou precisar de ti para me sentir.
- Mas porquê? Porquê isso tudo agora.
- Agora! Porque não vai ser amanhã, porque tem de ser agora.
- Assim de repente.
- Sim assim de repente deixei de gostar de orquídeas e em consequência disso, vi que gostava mais de mim. Ora se gosto mais de mim, não posso mesmo gostar de alguém como tu. Logo tu estás fora de jogo.
- E vais te embora assim.
-Vou, mas volto. Sabes que volto. Um dia vamos esbarrar um no outro, numa esquina, num café, num elevador. Mas não me vais ver como vês hoje. Porque hoje eu sou a outra. Mas amanhã eu serei o que nunca tiveste mas sempre desejaste. E nesse dia eu vou olhar para ti com carinho, pelos bons momentos e pelos maus. Porque o que não nos mata torna-nos mais fortes!? Vou mas não te esqueças que volto.
Começo a voar, nesta folha em branco. Ao certo, ainda eu, sou uma folha em branco, já vi uns rabiscos no canto superior direito da folha. Claro está, está certíssimo já tenho quase 30 anos, é bom que já apareça alguma coisa, um risco, uma ruga. Pois é pessoal, atiro-me aqui, completamente aos vossos pés. Um desejo antigo de escrever e de partilhar o que me vai nesta alma. Não farei promessas, logo veremos, o que o céu nos reserva. Não esta muito vento, portanto a descolagem vai ser suave.
terça-feira, 9 de outubro de 2007
A OUTRA II - Passou-se!?
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Por vezes o passado persegue-nos ... existem pessoas que não conseguem desligar as amarras, mesmo quando o barco já partiu!
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