sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Rascunho

Transfiro-me para as alturas e olho para baixo.
Longe vão os tempos em que a contemplação, não passava disso mesmo.
Agora invejo-me ao olhar para atrás, esse passado que me tortura com alegres lembranças. Esse passado que não constitui um futuro igual, sempre diferente cada minuto cada instante.
Fujo de mim, procuro abrigo longe do passado e do futuro, o frio gela os movimentos mais rápidos, mas continuo a fugir, na esperança... sim na esperança vã ou não de conseguir.
Ando numa procura insaciável de sentimentos vivos como os quadros dos iluministas. Estariam eles também a procura da mesma coisa... não sei.
As vezes ponho-me a pensar que procuro eu, nos olhos dos outros. Sim no fundo das suas almas, que procuro eu? Consolo? Irrita-me saber que vivo em busca de,... bem seja do que for.
Gosto da satisfação que me dá ver nascer outro dia, sentir a frescura da manhã através das cores do céu, quando o sol começa a nascer. Sinto-me a nascer de novo como uma flor que se levanta para receber o seu amo, o sol.
Gosto também de tocar na água, sim sentir a sua textura, olhar para ela, deslumbrar-me seja na imensidão do mar ou mesmo de uma gota. É linda a água, é perfeita, não tem comparação com nada.
Vai-se lá compreender essa minha paixão pelas arestas da vida, a minha visão do que é, ou aparenta ser. Vai-se lá saber, porque sou assim. Não sei, sim, não sei, talvez não queira mesmo saber.



Texto escrito em 1996, num pequeno papel de um bloco de notas, uma folha já velha que me acompanha estes anos todos.

Beijo com sabor a lembrança.