terça-feira, 8 de julho de 2008

O primeiro sentido.


Repreendes-me porque não te olho nos olhos e eu, sorrio por dentro. Pensas que é uma maneira de fugir, de não mostrar o que sinto, de desprezo até, acrescentas que é uma falta de respeito. Mas eu defendo-me e digo–te olhando nos teus olhos tal como desejas, para que te convenças que não preciso de os fixar para validar o que digo ou o que tu dizes.
Não preciso de olhá-los directamente. Quando olho para ti, vejo tudo e não apenas os teus olhos. Nos teus olhos demorei-me nos primeiros minutos que te conheci. Tirei todas as medidas, percebi que haveria dias em que não brilhariam tanto e outros em que seriam a própria luz. Percebi quem tu és e mais, que sendo eles o “espelho da alma”, que não precisaria de procurá-los sempre que me sentisse insegura, porque neles repousei a minha confiança e encontrei um lugar que és tu.
Às vezes azuis como o céu espelhado no mar, já me vi muitas vezes a flutuar neles. Às vezes castanhos, como chocolate, deliciosos doces com um trago a pimenta. Às vezes verdes de uma mescla requintada e cheios de essência. Às vezes negros como a noite e ainda assim iluminados como as estrelas. Já os conheço de côr e amo-os assim. Não te olho directamente para os olhos, porque já passei essa fase, já passei essa barreira. E hoje encontro o teu olhar, nas tuas palavras, nos teus gestos, em todo o teu ser.
Não há nada de errado nisto, eu é que sou assim e não consigo ser diferente. Para mim o olhar apenas não chega, e eu sei e quero que sejas mais do que isso, que um olhar onde descubro a tua vida e tu a minha. Eu não sou um olhar devias exigir mais de mim, mais do que o meu olhar, deverias fazer a soma dos meus abraços sentidos, do meu sorriso quando te vejo chegar, da minha dor quando algo te doí ou do meu brilho quando te vejo feliz.


Não me peças para te fixar nos olhos, quando na verdade tu és muito mais do que isso.


Dedicado aos meus amigos e a quem me repreende vezes sem conta, por ter o olhar “livre” como as asas de um pássaro.