quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Lingerie

Ligaste para dizer que precisas de falar comigo. Eu aceito vamos lá falar.
São 5 da tarde, combinamos na Brasileira. Cheguei mas cedo é uma técnica que uso há anos. Chegar cedo evita ter de ser eu a primeira a cumprimentar. Vesti-me à matar, aquele matar devagarinho. Vais ficar na dúvida se vesti-me para ti ou se nem por isso.
Coloquei o perfume, aquele que tu gostas tanto, estás lixado. Sim eu vim preparada para te castigar. O brilho que coloquei nos meus lábios pede um beijo e os meus olhos desenhados a lápis preto, prontos para te seduzir.
Estou feita uma leoa, mas trago as garras disfarçadas.

Já lá está. Chegou mais cedo, não percebo, não é suposto as mulheres atrasarem-se. Mas ela chega sempre mais cedo. E agora dou-lhe dois beijos ou só um. Seja o que Deus quiser. Caramba que bonita está. Veio assim para me lixar ou não, ela sempre foi feminina no vestir. Meu Deus e os seus lábios, e aquele olhar, estou feito. Estou mesmo feito. Não faz mal, respira fundo, respira fundo mas não deixes que ela repare. De tonta não tem nada.

- Olá.
- Olá.

Safado vens com essa barba por fazer, vais marcar a minha face quando me beijares. Será que ainda usas o mesmo perfume. Claro que sim que ideia a minha pensar que mudaste assim tanto num mês. E trazes a camisola que te ofereci. Podias ao menos disfarçar, vieste assim para me agradar. Estou quase a rir. Mas não posso, se me riu vais perceber que já te perdoei.

- Então, que me queres dizer?
- Eu queria falar contigo, saber como estas.
- Eu estou óptima, não vês.
- Sim eu vejo que estas. Tenho saudades tuas.
- É natural que tenhas. Era isso que me querias dizer?
- Era.
- Eu não tenho saudades tuas. Se era só isso que me tinhas para dizer, está dito. Tens livros e cd’s em minha casa, são teus não os quero lá.
- Passo hoje por lá, às 22, pode ser?
- Pode. Até logo.

Estou a sentir o seu olhar enquanto dirijo me para o Chiado. Eu sei que tens saudades, eu também tenho, mas isso só vais saber mais logo. Adorei ver-te agonizar só com a ideia de que estou mesmo decidida a não estar contigo.

Lá vai ela, logo nem que me ponha de joelhos, mas ela vai voltar para mim. Ai vai, já não aguento mais, até ando a dormir mal. Nem que me ponha de joelhos, mas vamos voltar.

A última palavra vai ser a minha, sim vamos voltar, fomos feitos um para o outro. Afinal qual é o casal que não tem problemas. Dizem que fazer as pazes é a melhor coisa. Logo veremos.

Entro numa loja de lingerie, hoje vai ser mesmo à matar.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Os meus homens.

Gosto, gosto mesmo muito deles. As vezes ponho-me apreciá-los. A espiar os seus tiques, manias, birras. São de todos os tamanhos e feitios. São feios, lindos, altos, baixos, gordos, magros, assim asssim. Mas são homens e só por isso deixam-me intrigada. Por serem diferentes. São diferentes das mulheres e disso não há a menor dúvida, não são nem melhores nem piores. São homens.
Vejo-os como seres mágicos, há algo neles que me faz ficar especada por dentro. A minha alma pára, olha, assimila e segue em frente.
Gosto quando são sensíveis, quando são meigos, quando estão tristes, quando estão felizes, quando dormem, quando andam, quando choram, quando dançam.
É claro que não são perfeitos, nada é. A perfeição é um conjunto de situações que se unem num certo momento. Aí sim, eles conseguem ser perfeitos.
E quando se aprumam, quando querem dar o seu melhor, quando se esforçam por agradar deixam-me sem ar.
Quando são corajosos, altruístas, humildes, deixam-me de lágrimas nós olhos, comovem-me.
O facto de serem como são, conseguem sempre surpreender-me. É claro que há homens maus, mas desses não quero falar, para quê gastar o meu tempo com covardes.
Os Homens são extraordinários, magníficos, maravilhosos. São homens e por existirem fazem o meu mundo de mulher ser mais especial…mais mesmo!